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Flutuações sazonais e do horário de verão nas pesquisas do Google para dermatite seborreica do couro cabeludo

Gregory Cavanagh1; Casey Abrahams1; Andy Goren2; Carlos Gustavo Wambier1

DOI: https://doi.org/10.5935/scd1984-8773.2021130044

Fonte de Financiamento: Nenhuma
Conflito de interesse: Nenhuma


Data de submissão: 09/05/2021
Aprovação final: 04/06/2021
Como citar este artigo: Cavanagh G, Abrahams C, Goren A, Wambier CG. Flutuações sazonais e do horário de verão nas pesquisas do Google para dermatite seborreica do couro cabeludo. Surg Cosmet Dermatol. 2021;13:20210044


Abstract

Acredita-se que a dermatite seborreica do couro cabeludo, ou caspa, piore em gravidade durante o inverno, quando ocorre o nascer do sol tardio e menos luz do dia. Neste estudo, investigamos as tendências no interesse do mecanismo de pesquisa pelo termo "caspa", visto que se relacionam com as mudanças na luz do dia, nascer do sol e sazonalidade. Analisamos o interesse de pesquisa em vários países de latitudes variáveis em um período de cinco anos e exploramos o efeito do horário de verão sobre o interesse por doenças em duas cidades dos Estados Unidos. Discutimos nossas descobertas no contexto de mudanças hormonais e cuidados com a pele/comportamento.


Keywords: Cabelo; Caspa; Dermatite; Doenças do cabelo; Luz; Luz solar


INTRODUÇÃO

Aumento do sebo, subprodutos de microrganismos como leveduras Malassezia e sensibilidade alérgica são fatores que contribuem para o desenvolvimento da dermatite seborreica do couro cabeludo (caspa). Acredita-se que a caspa piora em gravidade durante o inverno,1 quando ocorre o nascer do sol tardio e há menos luz solar. Nosso objetivo foi avaliar as possíveis flutuações sazonais de interesse do mecanismo de pesquisa por “caspa” e a possível correlação com mudanças de luz do dia, nascer do sol e horário de verão.

 

MÉTODOS

Avaliamos a frequência de consultas em mecanismos de pesquisa para dermatite seborreica do couro cabeludo ao longo de cinco anos (2015-2019) para investigar uma possível relação entre a luz solar e o interesse de pesquisa nos Estados Unidos, Brasil, África do Sul e Colômbia. Os Estados Unidos experimentam luz solar mais intensa em junho, julho e agosto; enquanto a África do Sul e o Brasil recebem luz solar mais intensa em dezembro, janeiro e fevereiro. Na Colômbia, a intensidade da luz solar é distribuída de maneira mais uniforme ao longo do ano. Selecionamos países de língua inglesa (Estados Unidos, África do Sul) e países de língua não inglesa (Colômbia e Brasil). Foi usada uma terminologia leiga correspondente à condição e ao idioma de cada país. O Google Trends2 foi utilizado para determinar as frequências de pesquisa (FP) a cada semana em relação ao máximo de pesquisas semanais a cada ano. A frequência média mensal foi obtida ao longo de cinco anos e foi usada para representar graficamente o interesse de pesquisa relativo médio em um ciclo anual (Figura 1). Para investigar os efeitos específicos do nascer do sol nos Estados Unidos, comparamos as tendências de pesquisa para a cidade de Nova York (NYC, observa DST) e Phoenix (ST) para o ano de 2018 (o ano mais recente sem o efeito da pandemia de COVID-19) (Figura 2). Nos Estados Unidos, as pesquisas por caspa foram estimadas em cem mil a um milhão por mês.

 

RESULTADOS

Ao avaliar o interesse em comparação com a luz do dia, este aumentou no final do inverno (pouca luz solar) nas localidades do norte (Estados Unidos) e do sul (Brasil, África do Sul) (Figura 1). O interesse pela caspa ocorreu no decorrer do ano ao longo do equador (Colômbia), com redução do interesse nos dois equinócios (março e setembro). No contexto do horário do nascer do sol, as pesquisas aumentaram no inverno, quando o nascer do sol ocorreu mais tarde em Nova York e em Phoenix. No entanto, as pesquisas diminuíram em março em Nova York, mas atingiram o pico novamente em abril, depois do ajuste ao horário do verão (“spring forward” - aumento inesperado). Em contraste, o pico seguiu uma redução típica com o fim do inverno em Phoenix, sem um aumento na primavera. Os picos de interesse seguiram o padrão do horário do nascer do sol (Figura 2), sugerindo que a luminosidade da manhã pode ser uma proteção contra a caspa.

 

DISCUSSÃO E CONCLUSÃO

Durante o horário de verão, o ajuste dos relógios (“spring forward”) simula as manhãs de inverno, e o interesse pela caspa retorna às tendências deste período. A luz natural da manhã ocorre no início do verão e no final do inverno, o que pode influenciar os níveis de hormônios/androgênios3 e contribuir para as variações sazonais da caspa, dado que o aumento da produção de sebo pode ocorrer por meio do aumento dos níveis de androgênios.

Esta pesquisa possui várias limitações. Nosso estudo mediu o interesse (pesquisas no Google), não necessariamente a doença. Outros fatores também podem explicar esses resultados, como a redução da lavagem do cabelo, o aumento do interesse no inverno, ou ainda o aumento da publicidade na mídia durante determinadas estações. Não foi possível avaliar o comportamento de lavagem do cabelo ou tendências de propaganda. No entanto, foi observada uma tendência com interesse de pesquisa do nascer do sol/luz solar e caspa. Este estudo sugere que mais pesquisas devem ser realizadas para avaliar a correlação entre luz solar, nascer do sol e caspa. Isso poderia abrir caminhos para o desenvolvimento de terapias baseadas na luz do sol para a caspa.

 

CONTRIBUIÇÃO DOS AUTORES:

Gregory Cavanagh 0000-0002-8787-0599
Aprovação da versão final do manuscrito; obtenção, concepção e planejamento do estudo; análise e interpretação dos dados; elaboração e redação do manuscrito.

Casey Abrahams 0000-0001-6329-7209
Aprovação da versão final do manuscrito; obtenção, concepção e planejamento do estudo; análise e interpretação dos dados; elaboração e redação do manuscrito.

Andy Goren 0000-0002-8190-2289
Aprovação da versão final do manuscrito; obtenção, concepção e planejamento do estudo; análise e interpretação dos dados; elaboração e redação do manuscrito.

Carlos Gustavo Wambier 0000-0002-4636-4489
Aprovação da versão final do manuscrito; obtenção, concepção e planejamento do estudo; análise e interpretação dos dados; elaboração e redação do manuscrito.

 

REFERÊNCIAS:

1. Ranganathan S, Mukhopadhyay T. Dandruff: the most commercially exploited skin disease. Indian J Dermatol. 2010;55(2):130-4.

2. Google. Google Trends. 2020. Available from: https://trends.google.com/trends/?geo=US.

3. Moskovic DJ, Eisenberg ML, Lipshultz LI. Seasonal fluctuations in testosterone-estrogen ratio in men from the Southwest United States. J Androl. 2012;33(6):1298-304.


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