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Relato de casos

Retalho A-T para reconstrução de ferida operatória na ponta nasal

Théo Nicolacópulos; Rogério Nabor Kondo

DOI: https://doi.org/10.5935/scd1984-8773.2018102936

Data de recebimento: 12/11/2016

Data de aprovação: 29/05/2018


Trabalho realizado no Serviço de Dermatologia do Hospital Universitário do Norte do Paraná, Universidade Estadual de Londrina (UEL) – Londrina (PR), Brasil.

Suporte Financeiro: Nenhum

Conflito de Interesses: Nenhum


Abstract

A região nasal é local frequente de tumores cutâneos, e reparar defeitos nessa região pode ser um grande desafio cirúrgico devido à necessidade do restabelecimento de suas propriedades estrutural, funcional e estética. Este estudo descreve a aplicação de um retalho A-T como opção para reconstrução de ferida operatória secundária à excisão de carcinoma basocelular na ponta nasal.


Keywords: Carcinoma basocelular ; Nariz; Retalhos cirúrgicos


INTRODUÇÃO

A reconstrução de defeitos cirúrgicos decorrentes da excisão de neoplasias na região nasal é um grande desafio devido a características locais, como sua estrutura rígida e de pouca mobilidade.

Descrevemos a utilização de um retalho A-T como opção para o fechamento de ferida operatória na ponta nasal.

 

RELATO DE CASO

Paciente do sexo feminino, 76 anos, caucasiana, apresentando há oito meses placa eritematosa e infiltrativa na ponta nasal, com biópsia incisional prévia compatível com carcinoma basocelular nodular. Foi realizada marcação de margens cirúrgicas de 3mm para a reconstrução com retalho A-T, utilizando-se incisão nos sulcos alares para o avanço bilateral (Figura 1). O defeito cirúrgico resultante da excisão do tumor não foi passível de fechamento primário (Figura 2A), e as incisões programadas para o retalho A-T foram então realizadas (Figura 2B). O retalho foi posicionado e suturado com fio mononáilon 5-0, alternado com mononáilon 6-0 (Figura 3). Após seis meses, a paciente se apresenta sem sinais de recidiva tumoral e com ótimo resultado estético (Figura 4).

 

DISCUSSÃO

Retalhos cutâneos são recursos que podem ser necessários para o fechamento de excisões de tumores da pele na face.1-4 Na região nasal, as reconstruções podem ser um verdadeiro desafio para o cirurgião dermatológico, devido ao apelo ao bom resultado estético e funcional. As alternativas incluem fechamento primário, cicatrização por segunda intenção, enxertos ou retalhos cutâneos. Entretanto, diversos fatores norteiam a escolha cirúrgica, sendo os retalhos cutâneos uma ótima opção devido à similaridade da pele utilizada para o fechamento, quanto à textura, cor e espessura. Ademais, especificamente na subunidade da ponta nasal, deve-se atentar para a manutenção da forma, posição, contorno e cicatriz.5,6

O retalho A-T é classificado como de avançamento bilateral, de acordo com seu movimento principal em direção à área do defeito.2,4 É um excelente método para solucionar um defeito amplo e profundo cujo tecido adjacente não permite fechamento direto. Possui as vantagens de poder ser realizado sob anestesia local e com resolução num único tempo cirúrgico.4

No presente caso, a lesão da ponta nasal corresponderia ao “A” e a incisão nos sulcos alares nasais bilateralmente, ao teto do “T”, permitindo o avanço bilateral. Tal modalidade respeita os princípios fundamentais cosméticos, de forma que as incisões foram estrategicamente posicionadas na junção das subunidades nasais, maximizando a camuflagem de cicatrizes. Houve boa integração do retalho à área receptora e ótimo aspecto cosmético (Figura 4).

 

CONCLUSÃO

A utilização de retalho A-T para correção de defeitos cirúrgicos em ponta nasal, seguindo princípios fundamentais cosméticos, torna-se opção cirúrgica com ótimo resultado estético e funcional.

 

CONTRIBUIÇÃO DOS AUTORES:

Théo Nicolacópulos | ORCID 0000-0001-7672-4337
Concepção e planejamento do estudo, elaboração e redação do manuscrito, cirurgião dermatológico do caso.

Rogério Nabor Kondo | ORCID 0000-0003-1848-3314
Orientação, concepção e planejamento do estudo, elaboração e redação do manuscrito, cirurgião dermatológico do caso.

 

REFERÊNCIAS

1. Hassan MI, Hassan DAE. Reconstruction after removal of basal cell carcinoma. J Am Sci. 2012;8(7):42-9.

2. Baker SR. Advancement flaps. In: Baker SR, editor. Local flaps in facial reconstruction. 2th Ed. Philadelphia: Elservier; 2007. p.415-74.

3. Camacho-Martinez FM, Rollón A, Salazar C, Rodriguez-Rey EM, Moreno D. Free flaps in Surgical Dermatology. Comparison between fasciocutaneous and myocutaneous free flaps in facial reconstructions. An Bras Dermatol. 2011; 86(6):1145-50.

4. Kondo RN, Pontello Junior R. A-T flap for the reconstruction of an operative wound in the malar region. Surg Cosmetic Dermatol. 2015; 7(3):272-74.

5. Faris C, Vuyk HD. Reconstruction of nasal tip and columella. Facial Plast Surg Clin North Am. 2011;19(1):25-62.

6. Lohuis PJFM, Godefroy WP, Baker SR, Tasman AJ. Transposition Flaps in Nasal Reconstruction. Facial Plast Surg Clin N Am. 2011;19(1):85-106.


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