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Artigo Original

Efeito do laser não ablativo Erbium YAG 2940nm intraoral no rejuvenescimento do lábio superior: estudo-piloto

Natacha Quezada Gaón1; Fernanda Binfa2

DOI: https://doi.org/10.5935/scd1984-8773.201791953

Data de recebimento: 16/12/2016
Data de aprovação: 12/03/2017
Suporte financeiro: Nenhum
Conflito de interesse: Nenhum

Abstract

Introdução: O aumento da distância entre a base do nariz e o vermelhão do lábio é de difícil tratamento, e muitas vezes apresenta limites para o uso de toxina botulínica e preenchedores.
Objetivo: Descrever nova técnica para o tratamento da ptose do lábio superior.
Métodos: Realizado estudo-piloto prospectivo com 15 pacientes do sexo feminino que apresentavam aumento da distância entre a base do nariz e a linha de transição cutâneo-mucosa labial. Foram realizadas cinco sessões semanais de laser não ablativo Er:YAG 2940nm intraoral. Para a avaliação dos resultados, foram feitos registro padronizado com câmera fotográfica de 3D e medidas comparativas da altura do filtro e do ângulo subnasal, antes e após o tratamento.
Resultado: Observou-se encurtamento que variou de dois a 4mm nas medidas do filtro, e diminuição do ângulo subnasal, além de maior firmeza da pele do lábio superior.
Conclusão: O laser não ablativo Er:YAG 2940nm intraoral pode ser opção terapêutica para a ptose do lábio superior.


Keywords: REJUVENESCIMENTO; LASERS; LÁBIO


INTRODUÇÃO

No processo natural de envelhecimento crononológico e actínico uma característica importante no terço inferior da face, é o aumento da distância entre a base do nariz e a linha de transição cutâneo-mucosa labial, em consequência da flacidez da pele, que perde o turgor e a elasticidade. Em uma pessoa jovem o lábio superior apresenta discreta convexidade na região do arco de cupido e do filtro, mas com o decorrer dos anos ocorrem o aplainamento e o alongamento de toda essa região. O vermelhão dos lábios nos jovens é também caracteristicamente túrgido, mas com o envelhecimento sua espessura diminui, e, concomitantemente, surgem as rugas periorais (Figura 1).

Apesar de a toxina botulínica e o ácido hialurônico serem de grande ajuda no rejuvenescimento facial, o aumento da altura da porção cutânea do lábio superior limita seu uso em procedimentos minimamente invasivos.1 Assim, para tratar esta alteração, precisaríamos recorrer a técnicas cirúrgicas, às quais nem todos os pacientes estão dispostos a se submeter.2-4

O laser não ablativo Er:YAG é tecnologia relativamente nova. Esse laser 2.940nm exerce um efeito térmico que remodela o colágeno e também estimula uma indução de neocolanogenese ao ser aplicado na mucosa oral em seu modo Smooth. Entre as raras publicações existentes sobre essa tecnologia, algumas abordam a redução do sulco nasogeniano e das rugas periorais.5-8

 

MÉTODOS

Realizou-se estudo-piloto prospectivo com 15 mulheres voluntárias, com idade entre 45 e 72 anos, e fototipos de II a IV, procedentes de Santiago do Chile. Essas pacientes foram submetidas a cinco sessões semanais de laser não ablativo Er:YAG 2940nm (SP Dynamis®, Fotona, Ljubiliana, Eslovenia) no modo Smooth intraoral com os seguintes parâmetros: 9J/cm2, 1.8Hz, Spot 7mm. Os disparos foram dispostos em quatro fileiras realizando-se 12 passadas apenas na região interna da mucosa labial. Traumatismos e infecções bacterianas ou virais ativas na área de tratamento foram os critérios de exclusão. O trabalho foi orientado segundo as regras emanadas pela Declaração de Helsinki.

As avaliações foram feitas através de fotografias padronizadas com a câmara fotográfica Vectra H1® (Canfield, NJ, USA), que produz imagens em 3D, com mensuração do comprimento do filtro e do ângulo nasolabial, antes e após as cinco sessões semanais com o laser, para quantificação do resultado (Figura 2).

 

RESULTADOS

Avaliando-se de forma quantitativa a distância do filtro concluiu-se que 60% das pacientes tiveram diminuição de 4mm no comprimento do filtro, 30% de 3mm, e 20% de 2mm (Figura 3).

Analisando-se as fotografias padronizadas com a câmera Vectra H1 observou-se melhora da projeção do lábio superior: em 40% dos casos com diminuição de cinco graus no ângulo nasolabial e em 60% dos casos com diminuição de três graus. Como consequência observaram-se leve acentuação do arco de cúpido e discreta eversão do vermelhão em todos os casos (Figura 4).

 

DISCUSSÃO

No enfoque global do rejuvenescimento com procedimentos minimamente invasivos o aumento da distância entre a base do nariz e a transição cutâneo-mucosa labial é problema com poucas alternativas terapêuticas.

A toxina botulínica no músculo orbicular dos lábios pode ser utilizada com o intuito de provocar a eversão do vermelhão, porém tem seu uso limitado pelo número restrito de unidades que podem ser utilizadas nessa região, pelo risco de afetar a harmonia da mímica facial no terço inferior da face e o processo da mastigação.9

Por sua vez, preenchimentos com ácido hialurônico, embora extremamente difundidos para uso na região perioral, produzem efeito altamente inestético, contrariando as regras de proporcionalidade facial3 se o volume do vermelhão for aumentado para compensar o alongamento vertical da porção cutânea do lábio superior.

A literatura cita técnicas cirúrgicas que podem ser utilizadas para corrigir a ptose do lábio superior,2-4 mas muitos pacientes dão preferência a procedimentos menos invasivos, sem possibilidade de deixar cicatrizes.

Após cinco sessões de tratamento intraoral com laser não ablativo Er:YAG 2940nm foram demonstradas, neste estudo-piloto, diminuição mensurada do comprimento do filtro e eversão do vermelhão.

Em 2013, Gaspar & Gasti utilizaram, com sucesso, esse mesmo método para tratamento do sulco nasogeniano e das rítides periorais. Também, como no presente estudo, houve bons resultados e não foram descritos desconforto dos pacientes ou complicações.8

Demonstra-se, assim, alternativa com resultados moderados, porém sem ablação, período de recuperação e complicações.

 

CONCLUSÃO

O laser Er:YAG não ablativo intraoral melhora a flacidez e encurta o lábio superior após várias sessões, fazendo dessa técnica ferramenta interessante no tratamento do rejuvenescimento perioral.

 

Referências

1. Braz A, Humphrey S, Weinkle S, Yee GJ, Remington BK, Lorenc ZP, et al. Lower Face: clinical anatomy and regional approaches with injectable fillers. Plast Reconstr Surg. 2015;136(5 Suppl):235S-257S.

2. Raphael P, Harris R, Harris SW. The Endonasal Lip Lift: Personal Technique. Aesthet Surg J. 2014;34(3):457-468.

3. Paixão MP, Montedonio J, Queiroz-Filho W, Pouza CET, Almeida AEF. Lifting de lábio superior associado à dermoabrasão mecânica. Surg Cosmet Dermatol. 2011;3(3):249-53

4. Suzuki HS, Seidel GB, Soares VC, Hepp T, Helmer K. Tratamento cirúrgico da inversão labial do envelhecimento. Surg Cosmet Dermatol. 2014;6(3):282-¬3.

5. Drnovsek-Olup B, Beltram M, Pizem J. Repetitive Er:YAG laser irradiation of human skin: a histological evaluation. Lasers Surg Med. 2004;35(2):146-51.

6. Drnovsek-Olup B, Beltram M, Pizem J. Repetitive Er:YAG laser irradiation of human skin: a histological evaluation. Lasers Surg Med. 2004;35(2):146-151.

7. Volkova NV, Glazkova LK, Khomchenko VV, Sadick NS. Novel method for facial rejuvenation using Er:YAG laser equipped with a spatially modulated ablation module: An open prospective uncontrolled cohort study. J Cosmet Laser Ther. 2016;19(1):25-29.

8. Gaspar A, Gasti GA. Tightening of Facial Skin Usin Intraoral 2940 nm Er:YAG SMOOTH Mode. Journal of the Laser and Health Academy. 2013,2:17-20

9. Carruthers J, Carruthers A. Aesthetic botulinum A toxin in the mid and lower face and neck. Dermatol Surg. 2003;29(5):468-76.

 

Trabalho realizado no Serviço de Dermatologia da Pontificia Universidad Católica de Chile (UC) – Santiago, Chile.


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