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Relato de casos

Eletrocirurgia no tratamento de rinofima gigante : relato de um caso

Thaís Abrão Cardoso1; Jeane Jeong Hoon Yang1; Ed Wilson Tsuneo Rossoe2

DOI: https://doi.org/10.5935/scd1984-8773.2015731567

Data de recebimento: 22/11/2014
Data de aprovação: 14/09/2015
Conflito de interesse: Nenhum
Suporte financeiro: Nenhum

Abstract

O rinofima é caracterizado por hiperplasia das glândulas sebáceas da região nasal, associada a espessamento nodular da pele, dilatação dos poros e fibrose nos estádios tardios. Ocorre mais comumente em homens portadores de rosácea, e pode estar associado a fimas na região do mento (gnatofima), das orelhas (otofima) e da fronte (metofima). Apresenta-se um caso de rinofima gigante com repercussão importante na qualidade de vida do paciente, dificultando a respiração, o sono e a alimentação. A lesão foi tratada por eletrocirurgia com sucesso.


Keywords: ELETROCIRURGIA; RINOFIMA; PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS DERMATOLÓGICOS


INTRODUÇÃO

A rosácea é doença comum em adultos e apresenta uma variedade de manifestações clínicas. Sua patogênese é multifatorial, porém claramente relacionada à hiperreatividade vascular.1,2 O rinofima é manifestação tardia da rosácea e apresenta em sua fisiopatologia progressiva hiperplasia de glândulas sebáceas e tecido conjuntivo da região nasal.3 Clinicamente observam-se intumescimento e posterior lobulação, dilatação dos poros e irregularidade da superfície do nariz, que, com o decorrer do tempo, pode adquirir grandes dimensões. Pacientes com rinofimas de grandes dimensões podem apresentar obstrução nasal com dificuldade respiratória e de alimentação, além de aspecto desfigurado e isolamento social.1,4

Existem diferentes modalidades de tratamento descritos na literatura, tais como eletrocirurgia, laser de dióxido de carbono, criocirurgia e dermabrasão. Não existe consenso na literatura quanto à melhor técnica, e todas apresentam vantagens e desvantagens.4,5

 

RELATO DE CASO

Paciente de 60 anos, do sexo masculino, com história de modificação progressiva do contorno nasal há dez anos e piora nos últimos três anos apresentando aumento importante do nariz. (Figura 1)

A eletrocirurgia foi a opção terapêutica para a abordagem da lesão. Realizadas assepsia e antissepsia com iodopovidona, seguiu-se bloqueio anestésico bilateral do nervo infraorbital com infiltração adicional na pele da superfície nasal.

O procedimento foi realizado com bisturi elétrico da marca Wem Equipamentos Eletrônicos® (Rio de Janeiro, Brasil), modelo SS500, monopolar, no modo Cut Blend 1, potência de 2W, utilizando-se a ponteira em alça pequena e redonda (0,3mm de espessura e diâmetro de 1,2cm. Duas etapas cirúrgicas semelhantes foram necessárias com intervalo de três meses, devido ao sangramento abundante ocorrido na primeira cirurgia. Realizou-se curativo oclusivo com pomada com colagenase 0,6U/g e cloranfenicol 0,01g/g, com trocas diárias, durante dez dias. A epitelização total da superfície do nariz ocorreu em 15 dias.

O resultado foi bastante satisfatório do ponto de vista estético e funcional (Figura 2), tendo o paciente apresentado melhora significativa em sua qualidade de vida.

 

DISCUSSÃO

O rinofima é parte do estádio tardio da rosácea. A abordagem invasiva, seja por cirurgia convencional, eletrocirurgia, laser de dióxido de cabono ou criocirurgia, é mandatória no tratamento e cura da lesão.5, 6

O rinofima gigante não é apresentação comum e causa impacto importante na qualidade de vida do paciente, interferindo em funções vitais, como respiração e alimentação. O comprometimento da autoestima e o consequente isolamento social também podem ocorrer em função da aparência grotesca que provoca ou devido ao mito de sua associação com o alcoolismo.6

Não há consenso na literatura sobre a melhor abordagem terapêutica do rinofima.4,5 Qualquer técnica terapêutica adotada deve preservar o tecido normal, mantendo os folículos pilosos da derme subjacente à lesão, tendo em vista que, a partir deles, ocorrerá a reepitelização, com menor risco de cicatriz inestética.4

No caso relatado, a eletrocirurgia apresentou-se como modalidade terapêutica segura, efetiva, rápida e de baixo custo.

Além de propiciar resultado estético satisfatório, o paciente vivenciou alívio do desconforto respiratório no pós-operatório imediato. Além da melhora funcional houve também significativa melhora na autoestima e consequentemente no convívio social.

 

Referências

1. Seiverling EV, Neuhaus IM. Nare obstruction due to massive rhinophyma treated using the Shaw scalpel. Dermatol Surg. 2011;37(6):876-9.

2. Sampaio SAP, Rivitti EA.. Dermatologia. 3ª ed.São Paulo Artes Médicas. 2007. p 400-1.

3. Webster GF. Rosácea e alterações relacionadas. In: Bolognia JL,Jorizzo JL,Rapini RP. Dermatologia. Rio De Janeiro: Elsevier; 2011.

4. Lazzeri D, Agostini T, Spinelli G. Optimizing Cosmesis with Conservative Surgical Excision in a Giant Rhinophyma. Aesth Plast Surg. 2013;37(1):125-7.

5. Rohrich RJ, Griffin JR, Adams WP Jr. Rhinophyma review and update. Plast Reconstr Surg. 2002;110(3):860-9.

6. Curnier A, Choudhary S. Rhinophyma: dispelling the myths. Plast Reconstr Surg. 2004.114(2):351-4.

 

Trabalho realizado no Complexo Hospitalar Padre Bento de Guarulhos (CHPBG) - Guarulhos (SP), Brasil.


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