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Como eu faço ?

Spray de barreira para prevenir o apagamento da marcação cirúrgica na cirurgia micrográfica de Mohs

Sergio Schrader Serpa1; Felipe Maurício Soeiro Sampaio2; Felipe Bochnia Cerci3, 4, 5, 6

DOI: https://doi.org/10.5935/scd1984-8773.2023150209

Fonte de financiamento: Nenhuma.
Conflito de interesses: Nenhum.
Como citar este artigo: Serpa SS, Sampaio FMS, Cerci FB. Spray de barreira para prevenir o apagamento da marcação cirúrgica na cirurgia micrográfica de Mohs. Surg Cosmet Dermatol. 2023;15:e20230209.


Abstract

A preservação do desenho das margens cirúrgicas é essencial durante a realização da cirurgia micrográfica de Mohs. Contudo, a degermação cutânea no ato da antissepsia e o uso da gaze durante a anestesia local, com frequência, promovem a remoção dessas marcações. A utilização da película protetora Cavilon® 3M, ao fixar a tinta da caneta marcadora, mostrou-se eficaz na preservação do mapa cirúrgico, permitindo uma remoção precisa do espécime cirúrgico.


Keywords: Cirurgia de Mohs; Carcinoma basocelular; Carcinoma de células escamosas; Margens de excisão


INTRODUÇÃO

A visualização precisa do mapeamento e das margens cirúrgicas são essenciais durante a cirurgia micrográfica de Mohs (CMM).1 No entanto, o uso de soluções antissépticas durante a degermação e o uso da gaze para secar eventuais gotas de sangue durante a anestesia local promovem a remoção parcial ou completa dessas marcações.2 Para fixar a tinta da caneta marcadora e prevenir esse apagamento do mapa cirúrgico, descrevemos o uso da película protetora Cavilon® 3M spray.

 

MÉTODO

Antes de desenhar o mapa cirúrgico, realizar uma “pré-degermação” do local a ser operado com clorexidine degermante, alcoólico ou aquoso, ou álcool 70%, e remover o produto com gaze seca. Em seguida, com a caneta marcadora, demarcar o tumor e desenhar o mapa cirúrgico baseado em critérios clínicos e dermatoscópicos. Após essa etapa, aplicar a película protetora Cavilon® 3M spray e deixar secar por cerca de 30 segundos. Geralmente, aplicamos três borrifadas do produto sobre a tinta marcadora para certificar-nos de que o produto atingiu toda a área. Os olhos e a boca do paciente devem ser protegidos. Quando o mapa cirúrgico for próximo a essas regiões, fixar por contato direto de uma gaze ou pela ponta de um cotonete embebidos na película protetora. Após o produto secar, realizar nova antissepsia e demais etapas cirúrgicas de forma usual.

 

RESULTADO

Selecionamos de forma randomizada dez pacientes com carcinoma basocelular na região facial a serem submetidos à CMM e à aplicação da película protetora sobre os mapas cirúrgicos. Em oito casos, o desenho se manteve claramente após as etapas de antissepsia, anestesia local e remoção tumoral (Figura 1). Em um caso, o desenho ficou pouco visível após o debulking tumoral e, em um caso, o desenho desapareceu completamente após a antissepsia. Notamos que, para a fixação adequada da tinta, a primeira etapa de limpeza da superfície cutânea e a remoção completa do clorexidine degermante devem ser cuidadosamente realizadas. A quantidade de tinta e da película protetora aplicada sobre a superfície cutânea também é possível influenciadora. Eczema de contato e infecção bacteriana relacionados à película protetora não foram observados em nenhum dos pacientes.

 

DISCUSSÃO

A precisão é um dos pilares da CMM e a visualização adequada do mapa cirúrgico é parte essencial dela. A visualização prejudicada das margens cirúrgicas pode levar à remoção desnecessária de pele sadia, a qual, mesmo pequena, aumenta significativamente o diâmetro da ferida, pois a área de uma circunferência é calculada pela fórmula π x r2 (o raio é a margem em questão).3 Além disso, a visualização prejudicada das margens cirúrgicas pode levar à remoção incompleta do tumor gerando estágios cirúrgicos adicionais e prolongamento da cirurgia, aumento da ansiedade do paciente, além de poder influenciar no custo do procedimento. Como sabemos, a remarcação das margens cirúrgicas nem sempre mantém a mesma precisão, pois, após a anestesia local, a visualização dos limites tumorais torna-se difícil.

O Cavilon® 3M é tradicionalmente indicado para proteção cutânea relacionada à ação irritante de fluidos oriundos de incontinência urinária e/ou fecal, sucos digestivos, efluentes, exsudato de feridas, uso de adesivos e fricção. O produto age como uma barreira líquida transparente em spray, não alcoólica, que seca rapidamente e forma uma camada protetora arejada que ajuda a proteger peles íntegras ou danificadas de fluidos corporais (pacientes incontinentes), adesivos médicos e fricção.4 Além do uso tradicional, o Cavilon® 3M pode ser utilizado para prevenir o apagamento de marcações cirúrgicas. Na cirurgia plástica, Gupta et al. demonstraram o uso do produto no planejamento da reconstrução.5 Na ortopedia, foi descrito como uma ferramenta para manter as marcações cirúrgicas após remoção das fitas adesivas de iodopovidona.6

 

CONCLUSÃO

O uso da película protetora Cavilon® 3M auxilia na manutenção do desenho do mapa da cirurgia de Mohs na pele do paciente, tornando a excisão tumoral mais precisa.

 

CONTRIBUIÇÃO DOS AUTORES:

Sergio Schrader Serpa 0000-0002-5805-4154
Aprovação da versão final do manuscrito; concepção e planejamento do estudo; elaboração e redação do manuscrito; obtenção, análise e interpretação dos dados; participação intelectual em conduta propedêutica e/ou terapêutica de casos estudados.

Felipe Maurício Soeiro Sampaio 0000-0002-2235-5473
Aprovação da versão final do manuscrito; concepção e planejamento do estudo; elaboração e redação do manuscrito; obtenção, análise e interpretação dos dados; participação intelectual em conduta propedêutica e/ou terapêutica de casos estudados; revisão crítica da literatura; revisão crítica do manuscrito.

Felipe Bochnia Cerci 0000-0001-9605-0798
Aprovação da versão final do manuscrito; concepção e planejamento do estudo; elaboração e redação do manuscrito; obtenção, análise e interpretação dos dados; revisão crítica da literatura; revisão crítica do manuscrito.

 

REFERÊNCIAS:

1. Bittner GC, Cerci FB, Kubo EM, Tolkachjov SN. Mohs micrographic surgery: a review of indications, technique, outcomes, and considerations. An Bras Dermatol. 2021;96(3):263-77.

2. Thakkar SC, Mears SC. Visibility of surgical site marking: a prospective randomized trial of two skin preparation solutions. J Bone Joint Surg Am. 2012;94(2):97-102.

3. Cerci FB, Kubo EM, Werner B, Tolkachjov SN. Surgical margins required for basal cell carcinomas treated with Mohs micrographic surgery according to tumor features. J Am Acad Dermatol. 2020;83(2):493-500.

4. 3M. Ciência. Aplicada à vida. 2023. [Cited 2022 Dec 19]. Available from: https://www.3m.com.br/3M/pt_BR/p/d/v000495439/

5. Gupta A, Dabholkar MP. Use of cavilon for making surgical-site markings indelible. Plast Reconstr Surg. 2020;145(1):233e-5e.

6. Oshima T, Sakamoto A, Noguchi T, Matsuda S. The 3MTM CavilonTM barrier prevents erasure of surgical skin markings with removal of povidone iodine adhesive draping. Skin Health Dis. 2021;1(2):e31.


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