Mariana Hammerschmidt1, Mauricio Sato1
Keywords: ANESTÉSICOS LOCAIS, HIDROXIAPATIAS, ASSOCIAÇÃO, SERINGAS
Dermatologistas têm utilizado a hidroxiapatita de cálcio (CaHA) como opção para material de preenchimento cutâneo em plano subdérmico em tratamentos cosméticos.A hidroxiapatita de cálcio é material composto de microesferas, de 25 a 45 milímetros de diâmetro suspensas em gel aquoso de glicerina e carboximetilcelulose de sódio. Após período de várias semanas na pele, o gel aquoso é substituído por fibroblastos e matriz extracelular, permanecendo as microesferas de CaHA no local para fornecer suporte mecânico.
O preenchedor é aplicado com agulha de calibre 25-27G e 0,5-1,5cm de comprimento após anestesia local.
As opções de anestesia utilizadas para realização desse procedimento são: tópica, bloqueios, infiltrativas ou associações. Recentemente a adição de agentes anestésicos a CaHA em seringas pré-carregadas tem sido utilizada para provocar anestesia suficiente sem perda das propriedades físico-químicas do produto.
Em 2008 Busso e Voigts1 publicaram estudo mostrando que não há alterações nas proriedades físicas de 1,3ml de CaHA com a adição de 0,23ml de lidocaína 2% com ou sem vasoconstritor, o que resulta em concentração de lidocaína equivalente 0,3%.1 A incorporação de lidocaína ao preenchedor já tem sido utilizada com o ácido hialurônico.Além disso, os autores demostraram que 10 movimentos de transferência da mistura parecem ser suficientes para manter a homogeneidade do preenchedor. A viscosidade e as forças de extrusão da mistura CaHA/lidocaína diminuem com o aumento do volume de lidocaína. Não há elevação da taxa de obstrução da agulha. O pH e a elasticidade da mistura CaHA/lidocaína são essencialmente equivalentes aos da CaHA isolada. O conector utilizado para essa mistura tem sido o de tipo fêmea-fêmea Luer-lok, não disponível no Brasil (Figura 1).
Como alternativa ao conector fêmea-fêmea Luer-lok utilizado no estudo de Busso e Voigts,1 os autores apresentam a torneira de três vias da marca Embramed, produzida no Brasil (Figura 2).
Para o procedimento são utilizadas duas vias perpendiculares, uma para acoplamento do anestésico (0,23ml de lidocaína 2%), e a outra para acoplamento do preenchedor (1,3ml de hidroxiapatita de cálcio). Dentro do conector há 0,10ml de ar que será preenchido pelo anestésico.A mistura é realizada através de 10 cursos de compressões alternadas dos êmbolos das seringas, sendo cada curso composto de compressão completa da seringa do preenchedor, terminando por manter a mistura dentro da seringa do preenchedor. O procedimento inclui os seguintes passos:
1) Manter a torneira do conector aberta para as duas vias perpendiculares.
2) Retirar a tampa de umas das torneiras e acoplar a seringa com 0,23ml de lidocaína a 2%.
3) Introduzir 0,1ml do anestésico no conector, restando 0,13ml do anestésico na seringa (Figura 3)
4) Abrir a segunda tampa perpendicular e introduzir a seringa com 1,3ml do preenchedor.
5) Iniciar compressões alternadas rápidas e eficazes (duas por segundo) nos êmbolos começando pela seringa do preenchedor até completar 10 cursos de compressões completas (anestésico e preenchedor) (Figura 4).
6) Desacoplar a seringa de mistura (anestésico preenchedor) que está pronta para o uso.
7) Lembrar que ainda há mais 0,1ml da mistura dentro do conector e que será posteriormente aspirado para uso.
A torneira de três vias usada como conector para mistura de lidocaína e hidroxiapatita de cálcio é alternativa de uso fácil, eficiente, de baixo custo e disponível no Brasil.
1 . Busso M, Voigts R. An Investigation of Changes in Physical Properties of Injectable Calcium Hydroxylapatite in a Carrier Gel When Mixed with Lidocaine and with Lidocaine/Epinephrin.Dermatol Surg. 2008; 34:S16-S24.