Gisele Gargantini Rezze1, Luiz Roberto Terzian1, Francisco Macedo Paschoal1
Keywords: DERMOSCOPIA, MICROSCOPIA CONFOCAL, CARCINOMA BASOCELULAR, CERATOSE ACTÍNIA
Paciente de 61 anos, branca, referindo exposição solar intensa na infância e adolescência, com queixa de ferida em ponta nasal há quatro meses. Refere a realização de cauterização prévia há dois anos, evoluindo apenas com área avermelhada no local.
Exame dermatológico: apresentava pápula eritematosa de aproximadamente 4mm e crosta melicérica central (Figura 1).
Ao exame dermatoscópico notava-se área de coloração rósea com telangiectasias finas e exulceração central (Figura 2).
Foram feitas as hipóteses diagnósticas de ceratose actínica ou carcinoma basocelular (CBC). Frente à dúvida diagnóstica e por ser lesão localizada em área crítica do ponto de vista estético, optou-se pela realização do exame de microscopia confocal para melhor definição diagnóstica antes da conduta terapêutica.
Na microscopia confocal foi possível a visualização na epiderme de áreas com polarização dos núcleos dos ceratinócitos e crosta. Na junção dermoepidérmica (JDE) e derme havia presença de ilhas tumorais com fendas e fibras colagenas densas ao redor das ilhas tumorais e vasos calibrosos lineares (Figuras 3 e 4).
O exame de microscopia confocal in vivo foi compatível com o diagnóstico de CBC.1 Frente a essa suspeita foi realizada biósia na região mais significativa do exame resultando CBC esclerodermiforme. Pelo tipo histológico e localização da lesão optou-se pela cirurgia de Mohs2 e no primeiro estágio foram realizados cortes histológicos transversais,3 no mesmo plano da dermatoscopia e microscopia confocal (Figura 5), que mostrou ótima correlação com os achados do exame de microscopia confocal.
A microscopia confocal in vivo é técnica de exame não invasiva que auxilia no diagnóstico das lesões rosadas solitárias inespecíficas da face, conhecidas na literatura anglo-saxônica como pink lesions. Essas lesões têm como principais diagnósticos diferenciais: ceratose actínica, carcinoma espinocelular, carcinoma basocelular e melanoma amelanótico.4 A dermatoscopia frequentemente apresenta padrão inespecífico. Muitas vezes, nos deparamos com pacientes jovens resistentes à realização da biópsia, principalmente na região da face, assim, a microscopia confocal se apresenta como recurso de grande valia para a definição de conduta adequada.
1 . Guitera P, Menzies SW, Longo C, Cesinaro AM, Scolyer RA, Pellacani G. In vivo confocal microscopy for diagnosis of melanoma and basal cell carcinoma using a two-step method: analysis of 710 consecutive clinically equivocal cases. J Invest Dermatol. 2012;132(10):2386-94
2 . Terzian LR, Nogueira VMA, Paschoal FM, Barros JC, Machado Filho CD. Cirurgia microcrográfica de Mohs para preservação tecidual nas cirurgias oncológicas da face. Surg Cosmet Dermatol. 2010;2(4):257-63
3 . Rezze GG, Scramim AP, Neves RI, Landman G. Structural correlations between dermoscopic features of cutaneous melanomas and histopathology using transverse sections. Am J Dermatopathol. 2006;28(1):13-20
4 . Braga JC, Scope A, Klaz I, Mecca P, González S, Rabinovitz H, Marghoob AA. The significance of reflectance confocal microscopy in the assessment of solitary pink skin lesions. J Am Acad Dermatol. 2009;61(2):230-41