Ival Peres Rosa1, Sérgio Henrique Hirata1, Camila C. de Paula1, Eduardo Mauro Yoshiaki1, Enokihara Samira Yarak1
As alopecias cicatriciais podem ser corrigidas cirurgicamente, através do transplante de cabelos ou da redução da área de cicatriz.1 No entanto, a redução cirúrgica da área cicatricial pode originar nova alopecia por tensão excessiva. Mesmo em lesões menores, a redução cirúrgica pode não ser bem-sucedida, originando novo alargamento da cicatriz.2 Consideramos o transplante de cabelos uma opção terapêutica simples e segura para esse quadro.
Principalmente nos casos em que a alopecia resulta de cicatrização por segunda intenção, além da atrofi a, identifi ca-se uma aderência intensa entre a pele e o periósteo. Tal fato difi culta a colocação dos enxertos, ainda que colocados em ângulo agudo. Mesmo nos casos em que o transplante é bem-sucedido, a atrofi a e a depressão existentes no couro cabeludo são inestéticas (Figuras 1 e 1A) e provocam reações desagradáveis à palpação, podendo ser motivo de alterações psicológicas, particularmente em pacientes do sexo feminino.3 Para corrigir esse problema e facilitar o transplante capilar, propomos uma sessão de lipoenxertia na área receptora antes da realização do transplante de cabelos.
Após anestesia local, descolamos a área aderida, criando um espaço entre o periósteo e a pele. Ele será preenchido com gordura retirada do sulco infraglúteo (Figuras 2 e 2A). A coleta do tecido adiposo é feita na forma de pequenos fragmentos – a céu aberto, com auxílio de pinça de Addison e tesoura delicada –, que são colocados em soro fi siológico para posteriormente ser introduzidos no espaço descolado. Após um período mínimo de 30 dias (Figura 3), realizamos então o transplante de cabelos (Figuras 4 e 4A). O enxerto de gordura provoca aumento da distância da pele em relação ao periósteo, facilitando a colocação dos enxertos e melhorando o resultado estético (Figura 5).
A doença ou o fator que originou a alopecia cicatricial deve estar inativo por ocasião da correção. Optamos pela região do sulco infraglúteo como área doadora por dois motivos: 1) a região glútea cobre a linha de incisão, difi cultando a visualização da cicatriz; 2) a gordura desse local se mostra resistente, por se manter apesar de estar sujeita a traumatismos contínuos pela localização. Esta técnica permite que os enxertos sejam colocados mais facilmente, porque a gordura aumenta a distância entre a pele e o periósteo, o que diminui também a depressão deste local.
O enxerto de gordura obtido em fragmentos diminui sua reabsorção e facilita o transplante de cabelos.
1 . Adler SC, Rousso D. Evaluation of past and present hair replacement techniques. Aesthetic improvement, effectiveness, postoperative pain, and complications. Arch Facial Plast Surg. 1999;1(4):266-71.
2 . Epstein JS. Revision surgical hair restoration: repair of undesirable results. Plast Reconstr Surg. 1999;104(1):222-32.
3 . Gupta MA, Gupta AK. Depression and suicidal ideation in dermatology patients with acne, alopecia areata, atopic dermatitis and psoriasis. Br J Dermatol. 1998;139(5):846-50.
4 . Adler SC, Rousso D. Evaluation of past and present hair replacement techniques. Aesthetic improvement, effectiveness, postoperative pain, and complications. Arch Facial Plast Surg. 1999;1(4):266-71.
5 . Epstein JS. Revision surgical hair restoration: repair of undesirable results. Plast Reconstr Surg. 1999;104(1):222-32.
6 . Gupta MA, Gupta AK. Depression and suicidal ideation in dermatology patients with acne, alopecia areata, atopic dermatitis and psoriasis. Br J Dermatol. 1998;139(5):846-50.