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Cartas ao editor

Peeling químico superficial para o tratamento de manutenção da rosácea

Paulo Eduardo Neves Ferreira Velho1, Aparecida Machado de Moraes1

Recebido em: 11/02/2010
Aprovado em: 01/12/2010

Trabalho realizado pela disciplina de dermatologia do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) – Campinas (SP), Brasil.

Suporte financeiro: Nenhum
Conflito de interesse: Nenhum

Abstract

A rosácea é doença crônica e prevalente. O peeling com ácido tricloroacético em baixas concentrações usado pelo paciente com gaze levemente umedecida é apresentado como tratamento de manutenção para a rosácea.

Prezada Editora,

Parabenizamos os autores do artigo "Peeling químico médio em lesões papulonodulares de rosásea" publicado no fascículo de julho-setembro do Surgical & Cosmetic Dermatology. 1

Nele, Costa e Mesquita apresentam a experiência do tratamento da rosácea com aplicação da solução de Jessner seguida da aplicação de ácido tricloroacético (ATA) a 35%. Relatam melhora duradoura das lesões papulonodulares nas 15 pacientes tratadas. Em uma delas a melhora se manteve por 17 anos, mesmo sem outro tratamento específico para rosácea.

Os autores mencionam que para o eritema e as telangectasias faciais a resposta não foi satisfatória, sendo, muitas vezes, necessário um tratamento de manutenção para pacientes com rosácea.

Escrevemos para compartilhar a experiência do uso do ATA em baixas concentrações na manutenção e otimização dos resultados obtidos com os peelings semanais seriados do mesmo ácido, pois as referências do uso da esfoliação no tratamento da rosácea são mesmo raras.

Em pacientes com rosácea e outras dermatoses inicialmente fazemos quatro aplicações ambulatoriais e semanais de concentrações crescentes de ATA 10 a 20% com gaze levemente úmida, conforme já relatado e também mencionado pelos autores. 2,3

Para a manutenção dos resultados obtidos e para melhorar ainda mais a qualidade da pele, prescrevemos ATA 2,5 a 10% para ser usado diária ou até semanalmente, pelo próprio paciente. Como a velocidade de esfoliação varia individualmente, os resultados observados no uso ambulatorial definem a concentração e a freqüência que o paciente deva fazer uso após as quatro semanas iniciais.

Nessas concentrações o ATA é seguro. Embora não cause branqueamento mesmo se usado com gaze encharcada do ácido a 10%, a orientação é para que o paciente aplique sempre com gaze umente ou levemente úmida.

A única complicação é a descamação, usualmente furfurácea nestas concentrações. Ela pode deixar de ser perceptível diminuindo-se a concentração prescrita.

Entre as vantagens dos peelings de ATA estão o baixo custo, a facilidade e segurança de seu manuseio nessas concentrações e, praticamente, a inexistência de incômodos imediatos e tardios. Além disso, o ATA pode ser usado durante a gestação.

Entre as dermatoses para as quais prescrevemos o tratamento e a manutenção com ATA está a rosácea eritematotelangectásica e a poiquilodermia de Civatte, com melhora da dilatação capilar em ambas.

Esse peeling químico superficial é, assim, boa opção no tratamento de manutenção de pacientes com diversas dermatoses, entre elas a rosácea.

Referências

1 . Costa IMC, Mesquita KC. Peeling químico médio em lesões papulo- nodulares de rosácea. Surg Cosmet Dermatol. 2010;2(3):237-9.

2 . Auada MP,Velho PENF,Uthida Tanaka AM.Tratamento de melasma com aplicações seriadas de ácido tricloroacético em baixas concentrações. An bras Dermatol, 79(2), S726-7, 2004.

3 . Auada-Souto MP, Velho PE. Low-strength trichoroacetic acid in the treatment of rosácea. J Eur Acad Dermatol Venereol.2007;21(10):1443-5.


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