Daniel Dal’Asta Coimbra1
Keywords: PELE, ÓRBITA, REJUVENESCIMENTO
O tratamento da região orbital inferior sempre mereceu importância em meio aos procedimentos para o rejuvenesci- mento da face.
Técnicas como peelings com fenol 88% ou ácido tricloroa- cético 35%, resurfacing com Laser (CO2, erbium), radiofrequên- cia bipolar, preenchimentos cutâneos, aplicação de toxina botu- línica, dermabrasão e micropunturas 1-15 são utilizadas isolada- mente, combinadas ou como adjuvantes de blefaroplastias, porém, nem sempre resultados satisfatórios são obtidos no trata- mento dessa região.
Ao observar que tratando lesões nas pálpebras inferiores através da eletrocoagulação ocorria retração da pele perilesional, propusemos a realização desse procedimento em toda a região orbital inferior objetivando o rejuvenescimento.
Após a avaliação da face e representação fotográfica na posição ortostática, a região a ser tratada é demarcada. Em segui- da, com o paciente reclinado em posição de 30o , procede-se à anestesia infiltrativa na área demarcada com lidocaína e vaso- constrictor. Posteriormente realiza-se pressão digital no local para diminuição do edema decorrente da solução anestésica por alguns minutos e inicia-se o procedimento.
Em uma das mãos seguramos a ponteira do eletrocautério (Hyfrecator ®) e na outra seringa de 1ml com agulha 30G1 /2.A agulha é colocada em contato com a pele, sem que ocorra per- furação, e ao encostar o eletrodo do eletrocautério na agulha é realizada a eletrocoagulação nesse ponto, utilizando a potência High 2 ou High 3 (Figura 1). Nesse momento observa-se no local a formação de pequeno orifício de aproximadamente 1mm de profundidade e diâmetro variável entre 0,05 e 1mm, com retração importante da área circular adjacente. Seguem-se novos pontos de aplicação com intervalos de 2 a 3mm.
As pequenas queimaduras se iniciam na porção inferior da área demarcada, obedecendo a linhas concêntricas em semicír- culos até a borda ciliar inferior (Figura 2).
Os pacientes são orientados pós-procedimento a evitar exercícios físicos e exposição a altas temperaturas por 72 horas. No local tratado, são utilizadas compressas geladas de soro fisio- lógico e creme de ácido fusídico (Verutex®, Lab Roche, SP, Br) durante período de sete a dez dias.Aconselhamos a utilização de filtros solares após 48 horas, porém deve-se evitar exposição direta ao sol até a completa cicatrização do local tratado.
Até o momento, 40 pacientes do sexo feminino foram tra- tadas com essa técnica.Todas apresentaram melhora na flacidez cutânea e aspecto da pele com diminuição na quantidade de rítides.
No local tratado formam-se pequenas pápulas encimadas por crostículas em todos os pontos em que a eletrocoagulação foi realizada. Pode haver edema local e eritema por alguns dias. Normalmente em até uma semana ocorre a eliminação comple- ta dos sintomas. Alguns pacientes, principalmente os de fototi- pos mais altos, permanecem com eritema e hipercromia no local, sendo aconselhados a fazer uso de substâncias clareadoras após 15 dias do procedimento. Em todos os pacientes submeti- dos a essa técnica houve regressão desses efeitos no período de dois meses (Figura 3)).
Quatro pacientes foram submetidas a uma segunda eletro- coagulação, 60 dias após a primeira, com o mesmo tipo de evo- lução (Figura 4)
Diferentes técnicas são descritas para a melhora estética da região orbital inferior, desde peelings até as tecnologias atuais como Laser.Ao observar que tratando lesões nas pálpebras infe- riores como xantelasmas e siringomas através da eletrocirurgia ocorria retração da pele perilesional, propusemos a realização da eletrocoagulação de toda a região como método de rejuvenes- cimento cutâneo. O resultado encontrado mostrou-se promis- sor, havendo diminuição importante da flacidez cutânea e das rítides na região, decorrentes provavelmente da retração da pele ocasionada pelo trauma tecidual.
A eletrocirurgia constitui processo do arsenal terapêutico da cirurgia dermatológica, cuja indicação é remover ou destruir tecidos a partir da utilização da energia elétrica, 16 promovendo o corte, a hemostasia e ablações superficiais ou profundas nos tecidos.Na eletrocirurgia, após a limpeza dos tecidos destruídos, a presença de coloração rósea no fundo da ferida indica que o limite profundo corresponde à derme papilar; a coloração bran- ca indica lesão na derme reticular superior, e a coloração ama- rela refere-se a derme reticular profunda e possibilidade de cica- trizes. 17 No tratamento proposto observamos após a limpeza da pele coloração variando do branco ao róseo no fundo das lesões.
A anestesia infiltrativa foi de suma importância na realiza- ção do tratamento nesse local, conferindo maior conforto ao paciente e comodidade ao médico, pois, como a agulha é posi- cionada muito próximo ao globo ocular, é fundamental que o paciente esteja tranquilo e não pisque involuntariamente duran- te o procedimento.
A escolha pela realização do procedimento em linhas orientadas em semicírculos, seguindo a direção das fibras do músculo orbicular dos olhos, resultou em menor tensão no local, favorecendo a cicatrização e a retração cutâneas.
Além disso, alternamos áreas de pele normal (2 a 3mm) com os pontos em que realizamos a eletrocoagulação, seguindo a tendência atual dos procedimentos fracionados, 14,15 para que a porção preservada da pele seja responsável por cicatrização mais rápida e diminua o risco de complicações locais, como hipercro- mias persistentes, cicatrizes e ectrópio.
Como vantagens dessa técnica podemos citar o baixo custo, a simplicidade de aplicação, a rápida recuperação e o expressivo resultado estético.
Descrevemos nova técnica para rejuvenescimento da região orbital inferior através da eletrocoagulação fracionada em semi- círculos na pele local.Acreditamos que essa descrição possa ser- vir de ponto inicial para a realização de estudos histológicos, para melhor conhecimento e quantificação dos resultados com ela obtidos.
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