1455
Views
Open Access Peer-Reviewed
Relato de casos

Hidradenoma poroide: um raro tumor de anexo

Yasmin Gama Abuawad1; Fabiana Oliveira da Silva1; Larissa Karine Leite Portocarrero1; Ticiana de A. Castelo Branco Diniz1; Andrezza Telles Westin1,2; Neusa Yuriko Sakai Valente1,3

DOI: https://doi.org/10.5935/scd1984-8773.20181031960

Data de recebimento: 01/01/2017

Data de aprovação: 21/08/2018


Trabalho realizado no Hospital do Servidor Público do Estado de São Paulo (HSPE) - São Paulo (SP), Brasil.

Suporte Financeiro: Nenhum

Conflito de Interesses: Nenhum


Abstract

O hidradenoma poroide é uma neoplasia intradérmica benigna rara e pouco descrita na literatura. Afeta geralmente indivíduos idosos e caracteriza-se como nódulo solitário, indolor e bem circunscrito. O diagnóstico é firmado por características histológicas de hidradenomas e poromas. O tratamento é realizado através de excisão cirúrgica completa, evitando assim recidiva e malignização. Relatamos caso de uma paciente, 64 anos, com lesão nodular única, bem delimitada e assintomática há 5 meses.


Keywords: Neoplasias das glândulas sudoríparas; Neoplasias de anexos e de apêndices cutâneos; Poroma


INTRODUÇÃO

O hidradenoma poroide é uma neoplasia benigna pouco frequente, descrita pela primeira vez em 1990 por Abenoza e Ackerman1. Apresenta-se geralmente como nódulo assintomático, solitário, comumente em mulheres idosas2. Possui diferenciação écrina, apresentando características estruturais de hidradenoma e características citológicas de poromas3. Por tratar-se de afecção rara e pouco descrita na literatura, a apresentação deste caso amplia para o dermatologista o diagnóstico diferencial dos nódulos cutâneos.

 

RELATO DE CASO

Paciente do sexo feminino, 64 anos, sem antecedentes pessoais relevantes, comparece à consulta com lesão nodular, eritematosa, assintomática em mão esquerda com cinco meses de evolução e crescimento lento. Ao exame clínico é observada lesão única, nodular, bem delimitada, no dorso de mão esquerda, medindo 1 cm em seu maior diâmetro (Figura 1). Foram aventadas as hipóteses de poroma, cisto mixóide, melanoma amelanótico e granuloma piogênico. Realizada a exérese, o exame anátomo-patológico revelou estrutura cística na derme, contendo material homogêneo eosinofílico e parede por vezes atrófica, exibindo segmentos com proliferação de células pequenas, poroides e células maiores, cuticulares ao redor de lumens (figuras 2, 3, 4 e 5), confirmando o diagnóstico de hidradenoma poroide . Quatro meses após a cirurgia a paciente permaneceu assintomática e sem recidiva.

 

DISCUSSÃO

O hidradenoma poroide pertence ao grupo dos poromas, do qual também fazem parte o hidracantoma simples, o poroma écrino e o tumor ductal dérmico4,5. Trata-se de neoplasia benigna rara da glândula sudorípara, correspondendo a 5% de todos os hidradenomas2,6. Apresenta risco de transformação maligna menor que 1% 3,7.

Atinge principalmente mulheres na sétima década de vida e tem como locais de predileção cabeça, pescoço e extremidades.3,5 É caracterizada por nódulo ou pápula, solitário, assintomático, de coloração avermelhada, bem circunscrito variando geralmente de 1 a 2 cm de diâmetro4 . Seus componentes são inteiramente confinados na derme sem conexão com a epiderme2. Cerca de 25% podem ter tonalidade azulada devido a presença de conteúdo cístico3,7. O diagnóstico é firmado por características histopatológicas estruturais de hidradenoma, que consistem na presença de áreas sólidas e císticas, em associação com características citológicas de poromas, com células poroides e cuticulares com diferenciação ductal. Em tumores com formação cística, a aspiração por agulha fina pode ser método adicional ao diagnóstico e consequentemente ao planejamento cirúrgico3,6. Faz diagnóstico diferencial com outros poromas, incluindo hidradenomas apócrinos e outras formações neoplásicas como fibromas, fibrolipomas, dermatofibromas, hemangiomas, além de poroma écrino maligno e granuloma piogênico7,8. O tratamento definitivo da neoplasia é cirúrgico, através de excisão total da lesão para evitar sua recorrência. Recomenda-se excisão radical por ser originada de tecido dérmico, com retirada em bloco com pele, tecido celular subcutâneo até a fáscia surpeficial7.

 

CONTRIBUIÇÃO DOS AUTORES:

Yasmin Gama Abuawad | ORCID 0000-0003-2033-4625
Elaboração e redação do texto

Fabiana Oliveira da Silva | ORCID 0000-0002-4114-7952
Elaboração e redação do texto

Larissa Karine Leite Portocarrero | ORCID 0000-0003-3357-1013
Elaboração e redação do texto

Ticiana de Andrade Castelo Branco Diniz | ORCID 0000-0003-0083-5123
Elaboração e redação do texto

Andrezza Telles Westin | ORCID 0000-0003-4256-208X
Revisão crítica

Neusa Yuriko Sakai Valente | ORCID 0000-0002-8065-2695
Revisão crítica

 

REFERÊNCIAS

1. Abenoza P, Ackerman AB. Poromas. In: Abenoza P, Ackerman AB. Neoplasms with Eccrine Differentiation. Philadelphia: Lea and Febiger; 1990. p. 113-85.

2. Ueno T, Mitsuishi T, Kawana S. Poroid hidradenoma: a case report with review of Japanese published work. J Dermatol. 2007;34(7):495-7.

3. Santos EPG. Hidroadenoma poroide en el adulto. Reporte de un caso. Med Int Mex. 2012; 28(6):618-20.

4. Mona M , Beya C, Aida AK, Sadok B, Tarek K, Faouzi M. Poroid Hidradenoma: A case report of Poroid Hidradenoma. Our Dermatol Online. 2012; 3(1): 43-5.

5. Bolognia JL, Jorizzo JL, Rapini RP. Neoplasias anexiais. In: McCalmont TH. Dermatologia. Rio de Janeiro: Elsevier; 2011. p. 1704-6.

6. Benigno M, Begoña I, Carlos LT, Carmen P, Manuel VB, Manuel G, et al. Hidroadenoma poroide. Actas Dermosifiliogr. 2005;96(6):398-9.

7. Delfino S, Toto V, Brunetti B, Marino MP, Baldi A, Persichetti P. Poroid Hidradenoma: A Case Report. In Vivo. 2007;21(5): 905-7.

8. Cho SC, Kim JS, Shin JH, Kim JH, Kim HJ, Whang KK, et al. Poroid Hidradenoma. Int J Dermatol. 2001;40(1):62-4.


Licença Creative Commons All content the journal, except where identified, is under a Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International license - ISSN-e 1984-8773