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Novas Técnicas

Rinofima: tratamento prático e seguro com ácido tricloroacético

Neide Kalil Gaspar1; Antonio Pedro Andrade Gaspar2; Marcia Kalil Aidê3

Data de recebimento: 24/11/2014
Data de aprovação: 17/12/2014
Suporte Financeiro: Nenhum
Conflito de Interesses: Nenhum

Abstract

Apresentamos método de tratamento com ácido tricloroacético para casos de rinofima de diferentes intensidades e extensões. Trata-se de processo seguro, que criamos há cinco décadas e desde então vimos executando, sem nenhum efeito adverso.

Keywords: ÁCIDO TRICLOROACÉTICO; RINOFIMA; TERAPÊUTICA.


INTRODUÇÃO

O rinofima é desordem desfigurante e progressiva da pele nasal, caracterizada pela hiperplasia de glândulas sebáceas, com oclusão de ductos e fibrose dérmica, afetando preferentemente homens brancos de meia-idade ou mais.

Esse processo ocorre mais comumente acompanhando quadros de rosácea, podendo afetar a região frontal (metophyma) ou em casos mais raros, orelhas (otophyma), pálpebras (blepharophyma) ou mento (gnatophyma).

A evolução do processo é progressiva e deformante; em alguns pacientes é possível ocorrer processo inflamatório intermitente, o que pode culminar em aspectos cicatriciais, fibrosos.

O processo de remoção do tecido hiperplásico através de cirurgia incisional,1-6 eletrocirurgia,7-8 ou laser5, 9-13é sempre trabalhoso, demandando eficiente preparo do dermatologista e apresenta sempre substancial risco de cicatriz.

Os autores descrevem método para tratamento de rinofima, criado por Gaspar NK há cinco décadas e executado em inúmeros pacientes, sem qualquer complicação.

O objetivo desta publicação é demonstrar a aplicabilidade do método.

 

MÉTODO

Para a seleção dos pacientes não houve restrição de idade, sexo ou doença somática. Esse processo só não é indicado para os poucos pacientes que apresentam aspecto cicatricial, xerótico e brancacento.

O paciente deverá ser avisado de que haverá formação de crosta espessa e escura que permanecerá durante período de sete a dez dias e que deverá ter descolamento espontâneo e não traumático.

É necessária a administração de acyclovir oral aos pacientes com história de herpes simples e de tetraciclina e ibuprofeno àqueles com processo inflamatório muito intenso. Procede-se ao esvaziamento dos comedões por expressão vigorosa, para que não ocorra processo inflamatório sob as crostas.

O procedimento inicia-se com o desengorduramento da pele com acetona imediatamente antes e consiste na aplicação de ácido tricloroacético (ATA) 70% ou 90%, com bastão envolvido em chumaço de algodão (formando cotonete plano), até o intenso branqueamento local, que ocorre alguns segundos após a aplicação (Figuras 1 e 2). Nas lesões muito exuberantes e hipertróficas, a aplicação deve ser mais intensa, duas ou mais vezes seguidas (Figura 3). As áreas de pele normal ou com lesões atróficas devem ser sempre poupadas (Figura 4).

Quando o rinofima é parcial o tratamento deve abranger apenas as áreas hipertróficas (Figura 5).

As lesões que se estendem a outras regiões também poderão ser tratadas imediatamente (Figura 6).

Se necessária nova aplicação nos pontos que permanecerem com alguma hipertrofia, poderá ser realizada logo que as crostas se soltem.

Após 30-60 minutos o aspecto branqueado é substituído por eritema discreto.

Pacientes do sexo feminino apresentam lesões geralmente muito discretas, devendo ser tratadas com concentração baixa de ATA (35%) em única passada do bastão, que não deverá conter grande quantidade do ácido (Figura 5).

 

RESULTADOS

A cicatrização ocorre de sete a dez dias, após o que o paciente deverá utilizar protetor solar na região.

A quase totalidade de nossos pacientes obteve resultado completo em apenas uma sessão de tratamento. Em nenhum dos pacientes por nós tratados houve qualquer efeito adverso, e a maioria retornou à consulta aparentando maior autoestima, revelada até por seus aspectos fisionômicos (Figura 7).

 

CONCLUSÃO

Trata-se de processo, simples, prático, não dispendioso e que não necessita de instrumental ou preparo especial do paciente ou do dermatologista. A restrição do procedimento aos casos "cicatriciais" se deve ao fato de que o ATA não tem efeito redutor para esse tipo de lesão.

 

Referências

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9. Madan V, Ferguson JE, August PJ. Carbon dioxide laser treatment of rhinophyma: a review of 124 patients. Br J Dermatol. 2009;161(4):814-8.

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13. Madan V, Ferguson JE, August PJ. Carbon dioxide laser treatment of rhinophyma: a review of 124 patients. Br J Dermatol. 2009;161(4):814-8.

 

Trabalho realizado em clínica privada - Niterói (RJ), Brasil.


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