3316
Views
Open Access Peer-Reviewed
Diagnóstico por Imagem

Tratamento cirúrgico do tumor glômico subungueal orientado pela ultrassonografia doppler

Andreia Pizarro Leverone1; Bernardo Kawa Kac2; Clarissa Canella3; Claudia Fernanda Dias Souza4; Olga Milena Zarco Suarez4; Fabiana Palmieri Zarur4

Data de recebimento: 21/07/2013
Data de aprovação: 01/04/2014
Suporte Financeiro: Nenhum
Conflito de Interesses: Nenhum

Abstract

O tumor glômico subungueal é uma neoplasia benigna de células glômicas sendo caracterizado clinicamente por dor paroxística e hipersensibilidade ao frio, o que gera prejuízo funcional ao paciente. O diagnóstico é baseado na anamnese e exame físico, podendo ser melhor orientado com base no estudo radiológico, com o ultrassom e doppler. Demonstramos os aspectos clínicos e ultrassonográficos de um caso, descrevendo o procedimento cirúrgico.

Keywords: TUMOR GLÔMICO; ULTRASSONOGRAFIA DOPPLER EM CORES; PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS AMBULATORIAIS.


INTRODUÇÃO

Na dermatologia, o diagnóstico das lesões é essencialmente clínico. Entretanto, para o diagnóstico de lesões subungueais como tumores glômicos, exostoses, pseudocistos mucoides e fibroqueratomas, se faz necessária uma avaliação complementar por métodos de imagem. Além de identificar a alteração, é possível avaliar o tamanho exato e a localização precisa destes tumores no pré operatório. A ultrassonografia é um método não invasivo e, nas mãos de um operador habilidoso, pode descrever tumores tão pequenos quanto 3 mm.

 

RELATO DE CASO

Uma paciente feminina, 38 anos, branca, do lar, procedente de Nova Iguaçu-RJ, apresentou-se à consulta relatando dor no primeiro quirodáctilo esquerdo há cerca de 3 anos, com sensação de choque ao contato com baixas temperaturas e trauma local. Referiu piora progressiva, negando comorbidades ou história familiar. Ao exame físico, observou-se eritroníquia, de cerca de 3 mm e limites pouco definidos na região central da lâmina ungueal, melhor visualizada à dermatoscopia (Figura 1). O teste de punctura com agulha gerou desconforto local.

Foi aventada a hipótese clínica de tumor glômico e solicitada ultrassonografia, a qual revelou correspondência entre o local do sintoma álgico e a lesão observada. O exame demonstrou imagem nodular, hipoecogênica, de contornos bem definidos (Figura 2) e hipervascularizada ao power Doppler, (Figura 2) ocupando o leito ungueal medial e causando remodelamento ósseo da falange distal subjacente.

Procedeu-se à exérese da lesão através de incisão longitudinal na placa ungueal, (Figuras 3 e 4) com recolocação e sutura da mesma. O laudo histopatológico revelou proliferação de células arredondadas perivasculares, com citoplasma eosinofílico e núcleo central vesiculoso, com diagnóstico conclusivo de tumor glômico. (Figura 5)

 

DISCUSSÃO E CONCLUSÃO

Os tumores glômicos são neoplasias benignas de células glômicas derivadas dos corpos glômicos neuromioarteriais. Em cerca de 75% dos casos localizam-se nas mãos, principalmente na região subungueal, onde os corpos glômicos encontram-se em maiores concentrações.1,2 Ocorrem em qualquer faixa etária e são raros, representando 1% a 5% de todos os tumores da mão.2 As lesões múltiplas são infrequentes (2-3%), sendo mais comuns em crianças.3

Na maioria das vezes apresentam-se clinicamente com a tríade clássica de: dor paroxística, hipersensibilidade às alterações de temperatura e sensibilidade local. O exame físico revela lesões eritêmato-azuladas de pequenas dimensões, medindo de 3 a 10 milímetros de diâmetro. No entanto, por estarem localizados sob a placa ungueal, é difícil detectar o tamanho e localização exatos sendo, às vezes, incorretamente diagnosticados.3, 5

A ultrassonografia é uma ferramenta útil para o diagnóstico e localização pré operatória do tumor, o que facilita o ato cirúrgico e diminui as taxas de recorrência, sendo o método de escolha atualmente para a avaliação das lesões que acometem o leito e placa ungueais. Outra função deste exame é afastar os diagnósticos diferenciais, como por exemplo os cistos de inclusão epidérmicos e mucosos, que são lesões císticas avasculares, ou seja, sem fluxo ao Doppler e que geralmente não apresentam remodelamento ósseo adjacente.2, 4, 5

 

Referências

1. Song M, Ko HC, Kwon KS, Kim MB. Surgical Treatment of Subungual Glomus Tumor: A Unique and Simple Method. Dermatol Surg 2009;35:786-91.

2. Gencoglan G, Dereli T, Kazandi A. Subungual glomus tumor: surgical and histopathologic evaluation. Cutaneous and Ocular Toxicology, 2011;30(1):72-4.

3. Montandon C et al. Tumores glômicos subungueais: achados de imagem. Radiol Bras. 2009;42(6):371-4.

4. Takemura M, Fujii N, Tanaka T. Subungual glomus tumor diagnosis based on imaging. J Dermatol. 2006;3(6):389-93.

5. Fornage BD. Glomus tumors in the fingers: diagnosis with US. Radiology. 1988;167(1):183-5.

 

Trabalho realizado no Instituto de Dermatologia Prof. Rubem David Azulay da Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro (IDPRDA/SCMRJ) _ Rio de Janeiro (RJ), Brasil.


Licença Creative Commons All content the journal, except where identified, is under a Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International license - ISSN-e 1984-8773