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Diagnóstico por imagem

Dermatoscopia na hiperpigmentação periorbital: uma ajuda no diagnóstico do tipo clínico

Natacha Quezada Gaón1; Williams Romero2

Data de recebimento: 09/03/2014
Data de aprovação: 13/06/2014
Suporte Financeiro: Nenhum
Conflito de Interesses: Nenhum

Abstract

A hiperpigmentação periorbital é motivo frequente de consulta dermatológica e pode apresentar grande impacto na qualidade de vida do paciente. Por vezes, o diagnóstico a olho nu pode deixar dúvidas se a pigmentação é vascular, por deposição de pigmento ou mista. Neste artigo descrevemos as características dermatoscópicas dessas três variantes, o que pode auxiliar na escolha da abordagem terapêutica mais adequada a cada caso.

Keywords: DERMATOSCOPIA; OLHO; HIPERPIGMENTAÇÃO; QUALIDADE DE VIDA


INTRODUÇÃO

A hiperpigmentação periorbital é motivo de consulta muito comum na dermatologia cosmética e pode produzir importante impacto na qualidade de vida dos pacientes.1 A pigmentação da região periorbital depende de múltiplos fatores: quantidade de melanina depositada na epiderme e derme, presença de vasos sanguíneos periorbitais, menor espessura da epiderme, criando zona de aspecto translúcido que deixa visíveis estruturas abaixo (nessa região encontra-se a epiderme mais fina do corpo), fatores genéticos.2-4

A pele da região palpebral é fisiologicamente fina e por isso mais sensível e exposta a fatores irritantes, recidivantes e crônicos (dermatite de contato, blefarite, etc.) que podem contribuir para o agravamento do quadro através de hiperpigmentação pós-inflamatória.

A hiperpigmentação periorbital tem sido classificada clinicamente em três tipos com base na causa principal da pigmentação: vascular, pigmentada e mista.5

O tipo vascular é geneticamente determinado, e o escurecimento é causado por uma pele sumamente delgada de aspecto translúcido, favorecendo a visualização dos vasos sanguíneos e músculos subjacentes.4 O tipo pigmentado é produzido por depósitos de melanina associados a fatores étnicos e exposição solar.1 O terceiro tipo é o misto, que resulta da combinação dos fatores anteriores. É importante lembrar que todos podem ser agravados por hiperpigmentação pós-inflamatória, quando se observam depósitos de hemossiderina e melanina.2-4

Essa classificação é útil para melhor abordagem terapêutica, porém o reconhecimento a olho nu de cada tipo específico pode ser difícil. O dermatoscópio é instrumento valioso no exame dermatológico, porém ainda é pouco usado na prática da cosmiatria. Propomos neste trabalho uma exploração muito simples da pele palpebral com o dermatoscópio, que permite facilmente reconhecer o tipo de hiperpigmentação periorbital.

 

COMENTÁRIOS

Examinamos 48 pacientes (40 mulheres e oito homens), entre 25 e53 anos de idade, cujo motivo de consulta foi hiperpigmentação periorbital. Realizamos exame clínico a olho nu com pequena tração local e o exame dermatoscópico (Handyscope, FotoFinder Systems GmbH,Bad Birnbach, Alemanha). Encontramos nessa casuística o tipo vascular em 12 pacientes (25%), pigmentado em 15 (31%) e misto em 21 (44%). No exame dermatoscópico dos pacientes com o tipo vascular encontramos: padrão de eritema difuso ou múltiplos vasos sanguíneos finos ou rede vascular difusa.

No tipo pigmentado observamos: padrão de múltiplos pontos com diferentes tamanhos e cores ou rede difusa de pigmento. O tipo misto foi caracterizado por combinações dos padrões descritos acima. (Figura 1).

 

CONCLUSÕES

Em nossa experiência foi mais simples determinar e classificar a pigmentação periorbital com o uso do dermatoscópio, principalmente nos casos em que o tom de pigmento era mais escuro, o que dificultou determinar o padrão correto a olho nu.

Ressaltamos que a correta classificação clínica influencia diretamente a abordagem terapêutica. Na hiperpigmentação periorbital vascular procuramos melhorar a qualidade da pele e estabilizar as paredes dos vasos sanguíneos, e encontramos na literatura o uso da vitamina C, Phytonadione (vitamina K1), tretinoína, etc.2,4 Já a forma pigmentada responde de forma favorável à hidroquinona e a outros elementos despigmentantes, além de luz intensa pulsada e lasers.2 No tipo misto a combinação de terapias parece ser a conduta mais eficaz.4,5

A dermatoscopia é ferramenta simples, útil e pouco invasiva na avaliação da hiperpigmentação periorbital.

 

Referências

1. Malakar S, Lahiri K, Banerjee U, Mondal S, Sarangi S. Periorbital melanosis is an extension of pigmentary demarcation line-F on face. Indian J Dermatol Venereol Leprol. 2007;73(5):323-5.

2. Freitag FM, Cestari TF. What causes dark circles under the eyes? J Cosmet Dermatol. 2007;6(3):211-5.

3. Lüdtke C, Souza D, Webwr M, Ascoli A, Swarowski F, Pessin C. Epidemiological profile of patients with periorbital hyperpigmentation, at a dermatology specialist center in southerm Brazil. Surg. Cosmet Dermatol. 2013;5(4)302-8.

4. Roh MR, Chung KY. Infraorbital dark circles: definition, causes, and treatment options. Dermatol Surg. 2009;35(8):1163-71.

5. Souza DM, Ludtke C, Souza ERM, Scandura KMP, Weber MB. Hiperpigmentação periorbital. Surg Cosmet Dermatol. 2011;3(3):233-9.

 

Trabalho realizado na Pontificia Universidad Católica de Chile - Santiago, Chile.


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