Poliana Santin Portela1; Felipe José da Cruz Oliveira2; Daniel Fabiano Ferreira3
Keywords: XANTOMATOSE, BLEFAROPLASTIA, PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS ELETIVOS
O xantelasma (do grego xanthos = amarelo e elasma = placa metálica) é queixa frequente nos consultórios de dermatologia, principalmente entre as mulheres. É o tipo de xantoma plano mais comum, podendo ou não ocorrer anormalidades nas lipoproteínas séricas (presentes em aproximadamente 50% dos casos). Há deposição de células xantomatosas na derme superficial associada a inflamação e fibrose.1 Clinicamente apresenta-se como placas amareladas planas ou ligeiramente elevadas na região palpebral.
Paciente do sexo feminino, 36 anos, apresentando xantelasma bilateral há três anos (Figura 1). Previamente tratada com eletrocoagulação pontual e com aplicação de ácido tricloroacético (TCA) 70%, cursando com hipocromia residual. Foi então submetida a retirada cirúrgica das lesões, pela técnica de blefaroplastia, com anestesia local e retirada apenas da pele, sem tecido celular subcutâneo. Foi feito fechamento primário, sem necessidade de rotação de retalho ou de enxertia (Figuras 2, 3, e 4). O procedimento foi realizado sem intercorrências.
Várias opções terapêuticas têm sido descritas para o tratamento do xantelasma. Trata-se de condição de difícil manejo, pois cada método pode estar associado a efeitos colaterais indesejáveis, como hiper ou hipocromia, recorrência, persistência e formação de cicatrizes hipertróficas. As modalidades mais utilizadas são cauterização química, eletrocoagulação fracionada, laserterapia, criocirurgia e excisão cirúrgica.1,3-8
Na correção de xantelasmas extensos, particularmente nas pacientes com excesso de pele, a técnica mais utilizada é a blefaroplastia, 3 termo genérico utilizado para designar a intervenção cirúrgica de retirada dos excessos de pele das pálpebras superiores e/ou inferiores. A maior parte dos procedimentos é feita com objetivo estético, a fim de restaurar os efeitos produzidos pelo envelhecimento da pele,9 mas a técnica tem sido feita para correção de lesões de pele localizadas nas pálpebras. O fechamento pode ser primário ou, nos casos mais exuberantes, através de retalhos e de enxertos.
Inicialmente deve ser feita avaliação rigorosa quanto à quantidade de sobra de pele, sua textura e flacidez para a correta marcação cirúrgica. Leva-se em conta também a presença de cicatrizes, nevos e de bolsas palpebrais.10 As marcações não devem ultrapassar a região orbitária.
No tratamento cirúrgico realizado, a marcação foi exígua ao redor das lesões xantomatosas bilateralmente. Foi aplicada anestesia local de lidocaína 2% com vasoconstrictor e iniciada a incisão retirando apenas a pele, sem tecido celular subcutâneo e bolsas gordurosas. Após realizada a hemostasia local, utilizou-se fio mononáilon 6-0 para fechamento primário em chuleio, sendo os pontos retirados com cinco dias de pós-operatório. A paciente apresentava pequena quantidade de excesso de pele, o que possibilitou a realização do procedimento sem necessidade de rotação de retalhos ou de enxertia. Não houve dano funcional, apenas hipocromia residual, o que não a impediu de classificar o procedimento como tendo excelente resultado. Ela se mostrou muito satisfeita, referindo melhora na autoestima e na inclusão social.
1 . Rohrich RJ, Janis JE, Pownell PH. Xanthelasma palpebrarum: a review and current management principles. Plast Reconstr Surg 2002; 110(5): 1310-14.
2 . Bergman R. The pathogenesis and clinical significance of xanthelasma palpebrarum. J Am Acad Dermatol. 1994; 30(2 pt 1):236-42.
3 . Then SY, Malhotra R. Superiorly hinged blepharoplasty flap for reconstruction of medial upper eyelid defects following excision of xanthelasma palpebrum. Clin Exp Ophthalmol. 2008;36(5):410-14.
4 . Pereira FJ, Cruz AAV, Guimarães Neto HP, Ludvig CC. Blefaroplastia associada a enxertia de pele autóloga para xantelasmas extensos: relato de caso. Arq Bras Oftalmol. 2008;71(4):592-4.
5 . Cannon PS, Ajit R, Leatherbarrow B. Efficacy of trichloroacetic acid (95%) in the management of xanthelasma palpebrarum. Clin Exp Dermatol. 2010;35(8):845-8.
6 . Dincer D, Koc E, Erbil AH, Kose O. Effectiveness of low-voltage radiofrequency in the treatment of xanthelasma palpebrarum: a pilot study of 15 cases. Dermatol Surg. 2010;36(12):1973-8.
7 . Park EJ, Youn SH, Cho EB, Lee GS, Hann SK, Kim KH, Kim KJ. Xanthelasma palpebrarum treatment with a 1,450-nm-diode laser. Dermatol Surg. 2011;37(6):791-6
8 . Dewan SP, Kaur A, Gupta RK. Effectiveness of cryosurgery in xanthelasma palpebrarum. Indian J Dermatol Venereol Leprol 1995;61(1):4-7.
9 . Pereira JE. Blefaroplastia e procedimentos auxiliares. In: Gadelha AR, Costa IMC. Cirurgia dermatológica em consultório. 2a ed. São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte: Editora Atheneu, 2009. p. 821-42.
10 . Fagien S. Blefaroplastia superior: aumento de volume pela abordagem cutânea: rebaixamento do sulco palpebral superior. In: Fagien S. Cirurgia Oculoplástica ESTÉTICA de Putterman. 4a ed. Rio de Janeiro: DiLivros, 2009. p. 85-101.