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Relato de casos

Tratamento cirúrgico do xantelasma com técnica de blefaroplastia

Poliana Santin Portela1; Felipe José da Cruz Oliveira2; Daniel Fabiano Ferreira3

Data de recebimento: 17/04/2012
Data de aprovação: 09/02/2012

Trabalho realizado no serviço de dermatologia
do Hospital Naval Marcílio Dias (HNMD),
Rio de Janeiro (RJ), Brasil.

Suporte Financeiro: Nenhum
Conflito de Interesses: Nenhum

Abstract

O xantelasma é queixa frequente nos consultórios de dermatologia, principalmente entre as mulheres. Clinicamente apresenta-se como placas amareladas, planas ou ligeiramente elevadas, na região palpebral. Há diversas modalidades descritas no tratamento dessa condição, sendo que, para correção de xantelasmas extensos, particularmente em pacientes com excesso de pele, a técnica mais utilizada é a blefaroplastia.

Keywords: XANTOMATOSE, BLEFAROPLASTIA, PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS ELETIVOS


O xantelasma (do grego xanthos = amarelo e elasma = placa metálica) é queixa frequente nos consultórios de dermatologia, principalmente entre as mulheres. É o tipo de xantoma plano mais comum, podendo ou não ocorrer anormalidades nas lipoproteínas séricas (presentes em aproximadamente 50% dos casos). Há deposição de células xantomatosas na derme superficial associada a inflamação e fibrose.1 Clinicamente apresenta-se como placas amareladas planas ou ligeiramente elevadas na região palpebral.

Paciente do sexo feminino, 36 anos, apresentando xantelasma bilateral há três anos (Figura 1). Previamente tratada com eletrocoagulação pontual e com aplicação de ácido tricloroacético (TCA) 70%, cursando com hipocromia residual. Foi então submetida a retirada cirúrgica das lesões, pela técnica de blefaroplastia, com anestesia local e retirada apenas da pele, sem tecido celular subcutâneo. Foi feito fechamento primário, sem necessidade de rotação de retalho ou de enxertia (Figuras 2, 3, e 4). O procedimento foi realizado sem intercorrências.

Várias opções terapêuticas têm sido descritas para o tratamento do xantelasma. Trata-se de condição de difícil manejo, pois cada método pode estar associado a efeitos colaterais indesejáveis, como hiper ou hipocromia, recorrência, persistência e formação de cicatrizes hipertróficas. As modalidades mais utilizadas são cauterização química, eletrocoagulação fracionada, laserterapia, criocirurgia e excisão cirúrgica.1,3-8

Na correção de xantelasmas extensos, particularmente nas pacientes com excesso de pele, a técnica mais utilizada é a blefaroplastia, 3 termo genérico utilizado para designar a intervenção cirúrgica de retirada dos excessos de pele das pálpebras superiores e/ou inferiores. A maior parte dos procedimentos é feita com objetivo estético, a fim de restaurar os efeitos produzidos pelo envelhecimento da pele,9 mas a técnica tem sido feita para correção de lesões de pele localizadas nas pálpebras. O fechamento pode ser primário ou, nos casos mais exuberantes, através de retalhos e de enxertos.

Inicialmente deve ser feita avaliação rigorosa quanto à quantidade de sobra de pele, sua textura e flacidez para a correta marcação cirúrgica. Leva-se em conta também a presença de cicatrizes, nevos e de bolsas palpebrais.10 As marcações não devem ultrapassar a região orbitária.

No tratamento cirúrgico realizado, a marcação foi exígua ao redor das lesões xantomatosas bilateralmente. Foi aplicada anestesia local de lidocaína 2% com vasoconstrictor e iniciada a incisão retirando apenas a pele, sem tecido celular subcutâneo e bolsas gordurosas. Após realizada a hemostasia local, utilizou-se fio mononáilon 6-0 para fechamento primário em chuleio, sendo os pontos retirados com cinco dias de pós-operatório. A paciente apresentava pequena quantidade de excesso de pele, o que possibilitou a realização do procedimento sem necessidade de rotação de retalhos ou de enxertia. Não houve dano funcional, apenas hipocromia residual, o que não a impediu de classificar o procedimento como tendo excelente resultado. Ela se mostrou muito satisfeita, referindo melhora na autoestima e na inclusão social.

Referências

1 . Rohrich RJ, Janis JE, Pownell PH. Xanthelasma palpebrarum: a review and current management principles. Plast Reconstr Surg 2002; 110(5): 1310-14.

2 . Bergman R. The pathogenesis and clinical significance of xanthelasma palpebrarum. J Am Acad Dermatol. 1994; 30(2 pt 1):236-42.

3 . Then SY, Malhotra R. Superiorly hinged blepharoplasty flap for reconstruction of medial upper eyelid defects following excision of xanthelasma palpebrum. Clin Exp Ophthalmol. 2008;36(5):410-14.

4 . Pereira FJ, Cruz AAV, Guimarães Neto HP, Ludvig CC. Blefaroplastia associada a enxertia de pele autóloga para xantelasmas extensos: relato de caso. Arq Bras Oftalmol. 2008;71(4):592-4.

5 . Cannon PS, Ajit R, Leatherbarrow B. Efficacy of trichloroacetic acid (95%) in the management of xanthelasma palpebrarum. Clin Exp Dermatol. 2010;35(8):845-8.

6 . Dincer D, Koc E, Erbil AH, Kose O. Effectiveness of low-voltage radiofrequency in the treatment of xanthelasma palpebrarum: a pilot study of 15 cases. Dermatol Surg. 2010;36(12):1973-8.

7 . Park EJ, Youn SH, Cho EB, Lee GS, Hann SK, Kim KH, Kim KJ. Xanthelasma palpebrarum treatment with a 1,450-nm-diode laser. Dermatol Surg. 2011;37(6):791-6

8 . Dewan SP, Kaur A, Gupta RK. Effectiveness of cryosurgery in xanthelasma palpebrarum. Indian J Dermatol Venereol Leprol 1995;61(1):4-7.

9 . Pereira JE. Blefaroplastia e procedimentos auxiliares. In: Gadelha AR, Costa IMC. Cirurgia dermatológica em consultório. 2a ed. São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte: Editora Atheneu, 2009. p. 821-42.

10 . Fagien S. Blefaroplastia superior: aumento de volume pela abordagem cutânea: rebaixamento do sulco palpebral superior. In: Fagien S. Cirurgia Oculoplástica ESTÉTICA de Putterman. 4a ed. Rio de Janeiro: DiLivros, 2009. p. 85-101.


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