Inês Stafin1; Flávia Vieira Brandão2; Ana Maria Costa Pinheiro1
Fonte de financiamento: Nenhuma.
Conflito de interesses: Nenhum.
Data de submissão: 08/08/2024
Decisão final: 09/12/2024
Como citar este artigo: Stafin I, Brandão FV, Pinheiro AMC. Nevo em alvo: dermatoscopia e microscopia confocal de reflectância. Surg Cosmet Dermatol. 2025;17:e20250395.
Os nevos halo, cocar, eczematoso e hemossiderótico targetoide são conhecidos como nevo em alvo, classificados como nevos melanocíticos especiais e frequentemente simulam melanoma. A presente comunicação tem como objetivo demonstrar as manifestações clínicas, os padrões dermatoscópicos e os achados na microscopia confocal de reflectância de quatro pacientes com diferentes tipos de nevos em alvo.
Keywords: Dermoscopia; Microscopia Confocal; Melanoma; Nevo com Halo.
Alguns nevos melanocíticos são classificados dermatoscopicamente como nevos especiais, exibindo características clínicas e histopatológicas distintas. Eles são considerados «simuladores de melanoma» e incluem os nevos em alvo, tais como halo, cocar, eczematoso e nevo hemossiderótico targetoide.1 Embora os padrões de dermatoscopia e microscopia confocal de reflectância (MCR) referentes aos nevos típicos tenham sido bem descritos, há poucas referências sobre essa categoria de nevos.2 O objetivo desta comunicação é demonstrar as manifestações clínicas, os padrões dermatoscópicos e os achados na MCR de diferentes casos de nevos em alvo. Os autores apresentam quatro pacientes (dois homens e duas mulheres), com idades entre 24 e 39 anos e fototipos 1-3, com apresentações distintas de nevos em alvo: halo, cocar, eczematoso e hemossiderótico targetoide, detalhando suas estruturas clínicas, dermatoscópicas e de MCR. A dermatoscopia foi realizada utilizando o sistema de imagem FotoFinder medicam 1000 e a MCR foi realizada utilizando o VivaScope 1500. Relatamos quatro nevos melanocíticos benignos diferentes, denominados nevos em alvo: halo, cocar, eczematoso e hemossiderótico targetoide. O nevo halo, também conhecido como nevo de Sutton,3 se manifesta como uma lesão pigmentada localizada na parte inferior do dorso do paciente, cercada por um halo periférico branco. Dermatoscopicamente, o nevo exibe um padrão globular, cercado por uma borda branca de despigmentação. A imagem em mosaico da MCR mostra a presença de ninhos densos e brilhantes na junção dermoepidérmica (JDE) e na derme (Figura 1 A, B, C). O nevo em cocar é caracterizado por um nevo papular pigmentado central,4 cercado por uma borda interna despigmentada e uma borda externa pigmentada, localizado no pescoço do paciente. Dermatoscopicamente, o nevo exibe um padrão globular central, um anel interno homogêneo mais claro e um anel reticular periférico mais escuro. A imagem em mosaico da MCR revela, ao nível da JDE, um ninho denso central e um padrão em anel circundante (Figura 2 D, E, F). O nevo eczematoso,1 também conhecido como fenômeno de Meyerson, observado no dorso do paciente, se manifesta como um halo eczematoso ao redor de um nevo pigmentado. Clinicamente, observa-se uma pequena pápula marrom com um halo eritematoso e escamas sobrepostas evidentes. Dermatoscopicamente, o fenômeno não modifica as características dos nevos, mantendo um padrão reticular, embora possa ter um aspecto borrado por serocrostas amareladas. A imagem em mosaico da MCR revela espaços redondos e ovais na epiderme preenchidos por pequenas partículas redondas e brilhantes, indicativas de células inflamatórias (Figura 3 A, B, C). O nevo hemossiderótico targetoide5 foi relatado pelo paciente como uma mudança repentina na pigmentação de um nevo anterior, resultando clinicamente em um halo equimótico, violáceo e assintomático ao redor de um nevo central achatado. Dermatoscopicamente, a lesão apresenta um padrão homogêneo com características vasculares hemorrágicas, variando de vermelho a roxo, sobreposto e ao redor do nevo. A imagem em mosaico da MCR, ao nível da JDE, revela a presença de um padrão em anel (Figura 4 D, E, F). Reconhecer as características clínicas, dermatoscópicas e de MCR de nevos melanocíticos com características especiais é crucial para aprimorar a precisão diagnóstica nos casos clínicos e dermatoscópicos incomuns. Esse reconhecimento ajuda a evitar excisões desnecessárias em casos frequentemente diagnosticados erroneamente como melanoma.
Inês Stafin
ORCID: 0000-0003-0518-0066
Elaboração e redação do manuscrito; obtenção, análise e interpretação dos dados; revisão crítica da literatura; revisão crítica do manuscrito.
Flávia Vieira Brandão
ORCID: 0000-0003-3809-9774
Concepção e planejamento do estudo; obtenção, análise e interpretação dos dados; revisão crítica da literatura; revisão crítica do manuscrito.
Ana Maria Costa Pinheiro
ORCID: 0000-0002-7804-3567
Aprovação da versão final do manuscrito; concepção e planejamento do estudo; obtenção, análise e interpretação dos dados; participação efetiva na orientação da pesquisa; revisão crítica da literatura; revisão crítica do manuscrito.
1. Larre Borges A, Zauladek I, Longo C, Dufrechou L, Argenziano G, Lallas A et al. Melanocytic nevi with special features: clinical-dermoscopic and reflectance confocal microscopic- findings. J Eur Acad Dermaol Venereol 2014;28(7):833-45.
2. Porto AC, Blumetti TP, Castro RPR, Pinto CALP, Mendes ASPM, Duprat Neto, et al. Recurrent halo nevus: dermoscopy and confocal microscopy features. J Am Acad Dermatol Case reports. 2017;3(3):256-8.
3. Aouthmany M, Mhsa BS, Weinstein M, Zirwas JZ, Brodell RT. The natural history of halo nevi: a retrospective case series. J Am Acad Dermatol 2012;67(4):582-6.
4. Kessides MC, Puttgen KB, Cohen BA. No biopsy needed for eclipse and cockade nevi found on the scalps of children. Arch Dermatol 2009;145(11);1334-6.
5. Patrizi A, Giacomini F, Savoia F, Miscialli C, Neri I. Targetoid hemosiderotic naevus. J Am Acad Dermatol. 2009;23(4):493-4.