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Relato de casos

Complicação tardia após aplicação de PMMA: diagnóstico e tratamento

Célia Luiza Petersen Vitello Kalil1,2; Augusto Casagrande1,3; Clarissa Reinehr1,4; Julia Frota Variani1

DOI: https://doi.org/10.5935/scd1984-8773.2025170383

Fonte de financiamento: Nenhuma.
Conflito de interesses: Nenhum.
Data de Submissão: 26/06/2024
Decisão final: 25/07/2024
Como citar este artigo: Kalil CLPV, Casagrande A, Reinehr C, Variani JF. Complicação tardia após aplicação de PMMA: diagnóstico e tratamento. Surg Cosmet Dermatol. 2025;17:e20250383.


Abstract

Desde o início do uso de preenchedores, cujo primeiro representante foi enxerto de gordura corporal, diferentes produtos foram testados para esta proposta: tanto substâncias temporárias, quanto substâncias permanentes. A escolha da aplicação do polimetilmetacrilato (PMMA) como um preenchedor permanente deve ser cautelosa.


Keywords: Polimetil Metacrilato; Cirurgia Plástica; Indústria Cosmética.


RELATO DO CASO

Uma paciente de 67 anos apresentou edema facial em áreas previamente tratadas com injeções de polimetilmetacrilato (PMMA) há 16 anos por outro médico (Figura 1). Ela relatou que o edema havia começado 6 meses antes. A paciente procurou assistência médica e recebeu prescrição de antibióticos e corticosteroides, mas a resposta clínica foi insatisfatória. A paciente foi avaliada por um cirurgião plástico para a remoção cirúrgica do PMMA, que foi programada para ser realizada em duas sessões consecutivas. A análise histopatológica do tecido removido revelou inflamação crônica acentuada com substâncias amorfas, fibrose dos tecidos conjuntivos e músculo e glândulas salivares acessórias cobertas por mucosa escamosa (Figura 2). Passados 40 dias da primeira cirurgia, a paciente voltou a apresentar edema e eritema, sendo reintroduzido um corticosteroide oral (prednisona 60 mg por 3 dias, diminuindo para 40 mg por 7 dias, 30 mg por 7 dias e, finalmente, 20 mg por 7 dias). O segundo procedimento foi realizado após o controle dos sintomas. No exame de seguimento de 2 anos após o segundo procedimento, a paciente não apresentava nenhum sinal de edema ou eritema facial (Figura 3).

 

DISCUSSÃO

Após o uso inicial de preenchedores dérmicos, que começou com enxertos de gordura, diferentes produtos foram usados para essa finalidade, desde preenchedores temporários até permanentes. O PMMA é um material termoplástico de baixo custo composto de microesferas suspensas em uma matriz de colágeno que oferece resultados duradouros. Após 1 a 3 meses da injeção do PMMA, o veículo de colágeno é absorvido e o novo colágeno é depositado pelo hospedeiro para encapsular e absorver o PMMA remanescente (fibroplasia).1,2 O principal problema com o PMMA é sua permanência, o que aumenta a suscetibilidade de reações de corpo estranho nos pacientes, com uma probabilidade aproximada de 1,5% de formação de granuloma que pode ser desencadeada por doença sistêmica ou infecção/cirurgia orofacial. As opções de tratamento para as reações de preenchimento incluem anti-inflamatórios sistêmicos, antibióticos, hialuronidase, triancinolona intralesional com 5-fluorouracil e excisão cirúrgica.3 A resposta clínica em nossa paciente não foi mantida com corticosteroides orais e intralesionais; discutiu-se, portanto, com a paciente a possibilidade de remoção cirúrgica do PMMA na tentativa de promover uma resposta sustentada. Encontramos apenas um estudo publicado anteriormente que discutia nódulos faciais inflamatórios de PMMA, os quais foram removidos cirurgicamente. Essa revisão retrospectiva descreveu nove casos de nódulos periorbitais de PMMA que foram tratados com sucesso por meio de excisão cirúrgica, com melhora do edema, eritema e nodularidade.4 A escolha de injetar PMMA como preenchedor dérmico deve ser analisada com cautela, e preenchedores não permanentes devem ser considerados como a principal opção. Pacientes tratados no passado com PMMA devem ser cuidadosamente avaliados antes de se submeterem a outros procedimentos cosméticos, devendo ser realizados exames de imagem sempre que possível, como a ultrassonografia. Além disso, os dermatologistas devem saber como tratar clinicamente as complicações da injeção de PMMA e encaminhar os casos, se necessário, a cirurgiões plásticos para remoção cirúrgica.

 

CONTRIBUIÇÃO DOS AUTORES:

Célia Luiza Petersen Vitello Kalil
ORCID:
0000-0002-1294-547X
Concepção e planejamento do estudo, Participação intelectual em conduta propedêutica e/ou terapêutica de casos estudados, Revisão crítica da literatura.
Augusto Casagrande
ORCID:
0009-0008-3364-751X
Participação intelectual em conduta propedêutica e/ou terapêutica de casos estudados.
Clarissa Reinehr
ORCID:
0000-0003-1811-4519
Aprovação da versão final do manuscrito, Elaboração e redação do manuscrito, Participação efetiva na orientação da pesquisa, Participação intelectual em conduta propedêutica e/ou terapêutica de casos estudados.
Julia Frota Variani
ORCID:
0000-0002-3420-6352
Concepção e planejamento do estudo, Elaboração e redação do manuscrito, Participação efetiva na orientação da pesquisa.

 

REFERÊNCIAS:

1. Ibrahim O, Dover JS. Delayed-onset nodules after polymethyl methacrylate injections. Dermatol Surg. 2018;44(9):1236-8.

2. Jones DH. Semipermanent and permanent injectable fillers. Dermatol Clin. 2009;27(4):433-44.

3. Christensen L, Breiting V, Janssen M, Vuust J, Hogdall E. Adverse reactions to injectable soft tissue permanent fillers. Aesthetic Plast Surg. 2005;29(1):34-48.

4. Limongi R, Tao J, Borba A, Pereira F, Pimentel A, Akaishi P, et al. Complications and management of polymethylmethacrylate (PMMA) injections to the midface. Aesthet Surg J. 2016;36(2):132-5.


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