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Relato de casos

Frontoplastia: opção para reconstrução de defeitos na fronte

Vitoria Azulay; Beatriz Rocha Strauss; Gabriela Della Ripa; Lucas Madureira; Leonardo Rotolo

DOI: https://doi.org/10.5935/scd1984-8773.2025170351

Financing: None.
Conflicts of interest: None.
Submitted on: 02/23/2023
Final decision: 05/22/2024
How to cite this article: Azulay V, Strauss BR, Ripa GD, Madureira L, Rotolo L. Forehead reduction: option for reconstructing forehead defects. Surg Cosmet Dermatol. 2025;17:e2025170351.


Abstract

A análise tridimensional da face é fundamental para um planejamento terapêutico adequado. A face é subdividida em três terços iguais: terço superior (do tríquio até a órbita/glabela), terço médio (da órbita/glabela até o subnásio) e terço inferior (do subnásio até o gnátio). Algumas condições, como a alopecia androgenética (AAG), podem causar variação no terço superior, aumentando seu tamanho. Relatamos o caso de uma paciente de 48 anos, com AAG e carcinoma basocelular no tríquio à direita, submetida à cirurgia de redução frontal (frontoplastia) associada à exérese do tumor, garantindo a cura oncológica e melhora estética.


Keywords: Carcinoma Basocelular; Estética; Oncologia Cirúrgica.


INTRODUÇÃO

As cirurgias cosméticas da face estão cada vez mais presentes no cotidiano dos dermatologistas.1 Dessa forma, as novas técnicas têm como objetivo promover a melhoria da harmonia facial e, quando associadas ao tratamento oncológico, proporcionam um benefício duplo: estético e curativo. Relatamos o caso de uma paciente do sexo feminino, de 48 anos, que procurou nosso serviço devido ao surgimento de uma placa de bordas peroladas, com centro levemente eritematoso e atrófico (Figura 1). Ao exame dermatoscópico, observaram-se vasos arboriformes, ninhos de pigmento e erosões (Figura 2). Assim, foi feito o diagnóstico de carcinoma basocelular, sendo indicada a cirurgia de exérese tumoral com congelação. Considerando que a paciente apresentava alopecia androgenética (AAG), com retração da linha de implantação capilar e fronte alongada, optou-se pela exérese do tumor associada à frontoplastia com incisão pré-capilar (Figura 3).2 Além disso, foram observadas ptose de sobrancelhas e rítides estáticas na fronte, alterações do envelhecimento que podem melhorar com a frontoplastia.

 

MÉTODOS

O presente estudo é um relato de caso realizado no Instituto de Dermatologia Professor Rubem David Azulay, Rio de Janeiro, Brasil. Houve consentimento escrito da paciente para o uso de imagem. Foi realizada uma cirurgia com exérese do carcinoma basocelular com congelação, associada à redução da fronte em uma paciente com AAG. A técnica cirúrgica consistiu na marcação da linha de implantação capilar com linhas quebradas, anestesia, incisão tricofítica, remoção de faixa de pele e subcutânea, descolamento e fechamento por planos.

 

RESULTADOS

Foram realizadas a exérese cirúrgica do tumor com congelação intraoperatória e a frontoplastia para reconstrução local, com a finalidade de reduzir o tamanho da fronte em aproximadamente 3 cm, garantindo melhora estética e cura oncológica.

 

DISCUSSÃO

A AAG pode afetar significativamente a vida psicossocial do indivíduo, com graus variáveis de comprometimento da qualidade geral de vida1. Essa enfermidade apresenta dois picos de incidência: um entre a segunda e a terceira décadas de vida e outro entre a quinta e a sexta.1 Como o próprio nome sugere, sua fisiopatogenia está relacionada à interação entre fatores hormonais e genéticos.1 Do ponto de vista hormonal, postula-se que os androgênios promovam, em folículos geneticamente determinados, a transformação de folículos terminais em folículos miniaturizados.1 A manifestação clínica se caracteriza pela rarefação dos fios na região do couro cabeludo, de forma difusa nas mulheres e, em homens, nas áreas frontoparietal, bitemporal e vértice. Em casos avançados de AAG, é possível observar um aumento da distância do tríquio até a glabela, causando desarmonia e envelhecimento da face. As técnicas para amenizar essa situação clínica variam desde o uso de maquiagem até tatuagem, sendo a cirurgia de frontoplastia uma das opcões para reduzir a fronte, considerada um método seguro e eficaz.3 As indicações para esse procedimento incluem pacientes com ptose de sobrancelhas ou de tecido periorbital, rítides estáticas na fronte e glabela ou fronte desproporcionalmente aumentada. São consideradas contraindicações pacientes impulsivos e incertos sobre a decisão cirúrgica, bem como aqueles com risco de lagoftalmo, principalmente se tiverem sido previamente submetidos à blefaroplastia superior com grande remoção tecidual.4

A cirurgia consiste em:

Marcação: O paciente é posicionado em decúbito dorsal e orientado a elevar as sobrancelhas para avaliar a localização da inserção do músculo frontal. A marcação é realizada na linha de inserção do músculo frontal e na linha de implantação capilar, utilizando linhas geometricamente anguladas (zigue-zague). Além disso, realiza-se a marcação do carcinoma basocelular, com base na dermatoscopia, e define-se uma margem de segurança de 5 mm.

Anestesia: Realiza-se anestesia local com solução de lidocaína, adrenalina e soro fisiológico, administrada no plano subcutâneo e subgaleal.

Incisão e remoção de pele/subcutâneo: Inicialmente, foi realizada a exérese da neoplasia cutânea, com margem livre confirmada por congelação intraoperatória. Posteriormente, realizou-se a incisão tricofítica (lâmina inclinada a 20 graus) conforme a marcação da frontoplastia, com o objetivo de preservar os folículos pilosos e remover 3 cm de faixa de pele/subcutâneo (Figura 4).

Descolamento: No plano subgaleal, realiza-se a dissecção com tesoura romba e a revisão de hemostasia.

Sutura: A ferida cirúrgica é suturada por planos, com pontos internos utilizando Vicryl 4-0 e sutura externa com nylon 5-0 (Figura 5).

 

CONCLUSÃO

O procedimento de frontoplastia com incisão pré-capilar proporciona a redução do tamanho da fronte e a elevação das sobrancelhas, melhorando as proporções faciais e com baixa taxa de complicações.4 É bastante indicado para pacientes com a distância tríquio-glabelar aumentada, como pacientes com androgenética avançada, além de ptose de supercílios. A possibilidade de associar técnicas cirúrgicas estéticas a uma cirurgia curativa, como a exérese de um carcinoma basocelular, aumenta a taxa de satisfação do paciente (Figura 6). O sucesso obtido com essa abordagem permite aos autores recomendá-la com segurança a pacientes selecionados.

 

CONTRIBUIÇÃO DOS AUTORES:

Vitoria Azulay
ORCID:
0000-0001-6534-1832
Concepção e planejamento do estudo; elaboração e redação do manuscrito; revisão crítica do manuscrito.
Beatriz Rocha Strauss
ORCID:
0009-0004-5072-5242
Concepção e planejamento do estudo; elaboração e redação do manuscrito; revisão crítica do manuscrito.
Gabriela Della Ripa
ORCID:
0000-0001-5236-2554
Participação intelectual em conduta propedêutica e/ou terapêutica de casos estudados.
Lucas Madureira
ORCID:
0000-0001-9412-1900
Participação intelectual em conduta propedêutica e/ou terapêutica de casos estudados.
Leonardo Rotolo
ORCID:
0000-0003-0481-8224
Aprovação da versão final do manuscrito; revisão crítica do manuscrito.

 

REFERÊNCIAS:

1. Azulay RD, Azulay DR, Azulay LA. Dermatologia. 8th ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2022.

2. Berenguer B, García T, Lorca-García C, San-Basilio M. Aesthetic forehead reduction in female patients: surgical details and analysis of outcome. J Plast Reconstr Aesthet Surg. 2022;75(1):407-414.

3. Kabaker SS, Champagne JP. Hairline lowering. Facial Plast Surg Clin North Am. 2013;21(3):479-86.

4. Niamtu, Joe. Cosmetic facial surgery. 2nd ed. Elsevier; 2017.


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